Brasil, 25 de junho de 2025
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Católicos sul-coreanos celebram 75 anos da Guerra da Coreia com orações pela paz

Fieis na Coreia do Sul promovem novena e missa para orar pela reconciliação na península dividida, em memória ao conflito que nunca acabou oficialmente

Os católicos da Coreia do Sul marcaram o 75º aniversário do início da Guerra da Coreia, promovendo uma novena de orações e Missas pelo fim das tensões e pela reconciliação na península dividida. As atividades tiveram destaque no domingo anterior ao dia 25 de junho, data do início do conflito em 1950.

Momentos de oração na Catedral de Myeongdong

Mais de 1.000 fiéis participaram de uma missa especial na Catedral de Myeongdong, em Seul, presidida pelo arcebispo Peter Chung Soon-taick, que também atua como administrador apostólico de Pyongyang.

“Vivendo em um estado de divisão, a Coreia do Norte e a Coreia do Sul cultivaram ódio e animosidade, em meio a constantes tensões e confrontos”, afirmou Chung em sua homilia.

Durante um seminário no mesmo dia, ele enfatizou a importância de lembrar e rezar pelos irmãos norte-coreanos e de promover esforços de unidade e reconciliação com base na solidariedade cristã.

Arcebispo Peter Chung Soon-taick celebra missa na Catedral de Myeongdong, Seul, pelo dia de oração pela reconciliação e unidade do povo coreano em 22 de junho de 2025.
Arcebispo Peter Chung Soon-taick celebra missa na Catedral de Myeongdong, em Seul, pelo “Dia de Oração pela Reconciliação e Unidade do Povo Coreano” em 22 de junho de 2025, em preparação aos 75 anos do início da guerra em 25 de junho. Crédito: arquidiocese de Seul

A Guerra da Coreia deixou cerca de 3 milhões de mortos, aproximadamente 10% da população do país, entre 1950 e 1953. Apesar do fim dos combates com o armistício de 1953, o conflito nunca foi oficialmente encerrado por um tratado de paz, mantendo as duas nações em estado de guerra técnica.

Na Coreia do Sul, fiéis oraram também na novena que antecede a data, mantida como uma lembrança anual na Igreja local, com missas semanais pelo fim do conflito, uma delas celebrada nesta semana, marcando mais de 1.400 cerimônias de oração ao longo dos anos.

Fiéis rezam por paz e reconciliação na Península Coreana na Catedral de Myeongdong, Seul, em 22 de junho de 2025.
Fiéis rezam por paz e reconciliação na Península Coreana na Catedral de Myeongdong, em Seoul, durante o “Dia de Oração pela Reconciliação e Unidade do Povo Coreano”, em 22 de junho de 2025, na preparação para o 75º aniversário do início da guerra. Crédito: arquidiocese de Seul

Divisão e história da península

Após a Segunda Guerra Mundial, a divisão da Coreia ao longo do paralelo 38 criou duas nações distintas: a República Popular Democrática de Corea, no Norte, sob um regime repressivo, e a Coreia do Sul, que passou por rápida transformação econômica e social, conhecida como o “milagre do rio Han”.

O país do Norte é alvo de acusação de crimes contra a humanidade, incluindo execuções, torturas, abortos forçados e fome em massa, além de intensificar restrições desde 2020, segundo a Human Rights Watch. A Coreia do Sul, por sua vez, viu sua população católica crescer de menos de meio milhão nos anos 1960 para quase 6 milhões atualmente, conforme dados da Conferência dos Bispos Católicos da Coreia.

O bispo Simon Kim Joo-young, presidente do Comitê de Reconciliação da Igreja na Coreia, afirmou que “após 80 anos de divisão, devemos superar conflitos com fé na ressurreição de Cristo”.

Fiéis católicos participam de seminário organizado pela Igreja na Coreia no Dia de Oração pela Reconciliação e Unidade do Povo Coreano em 22 de junho de 2025.
Fiéis católicos participam de um seminário organizado pela Igreja na Coreia em 22 de junho de 2025, em preparação ao 75º aniversário do início da guerra.

Histórico cristão na Coreia do Norte

Antes da guerra, Pyongyang era conhecida como a “Jerusalém do Oriente”, com uma comunidade cristã vibrante. Em 1945, cerca de 50 mil católicos e um número maior de protestantes estavam registrados nas paróquias e igrejas do norte. Com o início do conflito, a maior parte do clero católico foi presa, morta ou desapareceu.

Hoje, o governo comunista norte-coreano controla rigidamente as organizações religiosas, sem clerigos católicos residindo no país. Apesar disso, alguns refugiados conseguiram resgatar sua fé na Coreia do Sul, como mostra a história de Mi Jin, que encontrou na Igreja uma esperança após a perseguição.

Irmãs religiosas e leigos participam de seminário organizado pela Igreja na Coreia pelo dia de oração pela reconciliação em 22 de junho de 2025.
Irmãs religiosas e leigos participam de um seminário organizado pela Igreja na Coreia pelo “Dia de Oração pela Reconciliação e Unidade do Povo Coreano”, em 22 de junho de 2025.

Nos últimos anos, as relações entre Norte e Sul se deterioraram. Em janeiro de 2024, Kim Jong Un anunciou o fim da sua política de reunificação pacífica e rotulou a Coreia do Sul como “principal inimigo”.

Em resposta a provocação com balões de lixo, Pyongyang enviou uma última ofensiva de táticas voltadas à retaliação, enquanto a Igreja na Coreia tenta apostar na esperança de que gestos de distensão, como a suspensão de propagandas e troca de mensagens, possam abrir caminho para uma nova fase de diálogo.

“Esta situação é o resultado de conflitos ideológicos acumulados ao longo do tempo, uma verdadeira guerra civil emocional”, afirmou o bispo Kim. Por outro lado, o arcebispo Chung destacou que “uma pequena mas significativa mudança ocorreu neste mês com a suspensão das transmissões de propaganda pelo governo sul-coreano, o que trouxe uma leve melhora na relação entre as duas Coreias.”

Ele também comentou a esperança de que as novas gerações liderem esforços de paz, especialmente com a proximidade do Encontro Mundial da Juventude em Seul, em 2027, defendendo a importância de promover um futuro de esperança na região.

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