À medida que o Conselho Europeu se aproxima, marcado para os dias 26 e 27 de junho em Bruxelas, os bispos europeus estão levantando importantes questões sobre o futuro da União Europeia (UE) frente aos desafios geopolíticos atuais. A Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (Comece) divulgou um documento que destaca a urgência de renovação e fidelidade às raízes históricas e espirituais da união, especialmente em tempos de crescente tensão no Oriente Médio e na Ucrânia.
A necessidade de renovação criativa
No cerne do apelo dos bispos, está a necessidade de que a UE mantenha seu compromisso moral com a paz e o desenvolvimento humano sustentável. “À medida que a atenção se volta para a defesa e a competitividade”, afirmam, “a UE não deve perder de vista seu compromisso com a estabilidade e prosperidade compartilhada”. A Comece destaca a importância de uma “fidelidade criativa” à visão dos Pais Fundadores da Europa, para garantir que valores fundamentais como dignidade humana, solidariedade e justiça continuem a guiar as decisões da união.
Solução para os desafios de segurança e rearmamento
Além de apelos à reflexão, o documento oferece recomendações concretas para as políticas de defesa e segurança. A Comece enfatiza que “os gastos com defesa devem permanecer proporcionais às necessidades reais e guiados pela busca de segurança humana e paz, e não por interesses comerciais”. Essa postura reflete uma compreensão de que a concorrência econômica não deve eclipsar o objetivo primordial de proteção da vida e dignidade da população. As propostas incluem, ainda, a construção de uma nova “arquitetura global da paz”, com foco em um sistema multilateral baseado em regras que priorize as Nações Unidas reformadas e mais eficazes.
Boa vizinhança e justiça financeira
O documento dos bispos também aborda as questões de alargamento da UE e a importância de políticas de boa vizinhança. Eles recomendam que a Europa apoiem os países candidatos através de incentivos para reformas e um financiamento adequado. Este apoio, segundo a Comece, deve ser complementado por um compromisso ativo da sociedade civil, incluindo organizações religiosas, para fortalecer a coesão social durante o processo de pré-adesão.
Em linha com apelos anteriores da Santa Sé, os bispos pedem que a UE se posicione contra as injustiças financeiras que perpetuam desigualdades entre nações ricas e pobres. A proposta é clara: a Europa deve agir para “reestruturar dívidas injustas e insustentáveis sem condições prejudiciais” e promover reformas que visem um sistema financeiro global mais justo e solidário.
Conclusão: O papel da Europa na construção de um futuro pacífico
O cenário geopolítico atual exige que a Europa reassuma seu papel de liderança na promoção da paz e da justiça. O apelo dos bispos é um convite à reflexão sobre a identidade e os valores que fundamentam a União Europeia. Em tempos de incerteza, renovar o compromisso com as ideias e ideais que construíram a Europa é essencial para enfrentar os desafios que se avizinham.
A reunião do Conselho Europeu oferece uma plataforma importante para discutir essas questões e a responsividade dos líderes europeus a esses apelos pode determinar o futuro da união e o papel da Europa no cenário mundial. A necessidade de uma abordagem centrada na paz e na dignidade humana nunca foi tão urgente.
O futuro da Europa, como um projeto de paz, depende fortemente da disposição de seus líderes em escutar e implementar essas recomendações, garantindo assim que o legado dos Pais Fundadores não se perca em meio aos atuais desafios globais.