Na semana passada, uma disputa acalorada no Congresso revelou como a influência da indústria de inteligência artificial (IA) está moldando a legislação nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que tensions as relações entre o governo federal e os estados. Uma proposta no projeto de lei de financiamento do governo impõe uma proibição de 10 anos para que estados regulem a IA, gerando forte resistência de alguns republicanos e democratas preocupados com a autonomia estadual.
O embate pelo controle da regulamentação de IA
O projeto, conhecido como “Big Beautiful Bill”, inclui uma disposição que, segundo críticos, restringe drasticamente a capacidade dos Estados controlarem a IA por uma década. Líderes como o senador Ted Cruz, do Texas, defendem que um mosaico de legislações estaduais mal elaboradas prejudicaria o crescimento do setor, além de sobrecarregar pequenas startups com regulações inconsistentes.
Por outro lado, legisladores democratas, como o congressista Ed Markey, de Massachusetts, propuseram uma emenda que busca eliminar essa restrição, argumentando que ela representa uma intervenção excessiva do governo federal e que os estados precisam de autonomia para proteger seus cidadãos dos riscos associados à IA. A votação da emenda deve acontecer nesta semana e pode contar com o apoio inesperado de alguns republicanos, como o senador Josh Hawley, de Missouri, que também questiona a limitação à autonomia estadual.
As alianças inesperadas na luta pela autonomia estadual
Para aprovar a emenda, Markey precisa obter pelo menos 51 votos, o que exige o apoio de quatro republicanos além de toda a bancada democrata. Até o momento, há sinais de que alguns parlamentares estão considerando essa possibilidade.
“É uma disposição terrível”, afirmou Hawley à TIME. Quando questionado sobre possíveis negociações com outros republicanos, ele confirmou haver preocupações no partido, dizendo: “Tem bastante gente com grandes preocupações a respeito disso”.
O impacto da influência da indústria de IA e o papel das legislações estaduais
Historicamente, o Congresso tem sido lento em aprovar regulações específicas para tecnologias emergentes, abrindo espaço para que os estados criem suas próprias leis. Nos últimos anos, dezenas de projetos de lei relacionados à IA foram propostos e algumas, como a californiana SB 1047, enfrentaram forte resistência de indústrias de tecnologia, que alegam que legislações mal elaboradas podem sufocar a inovação.
Essa resistência teve efeito: a lei foi vetada pelo governador Gavin Newsom no ano passado, após intensos lobby de empresas como OpenAI e Facebook. Essa dinâmica mostra como o setor de tecnologia dispõe de uma influência considerável sobre o processo legislativo, moldando o ambiente regulatório à sua conveniência.
Perspectivas futuras e o impasse legislativo
Independentemente do resultado da votação, o conflito reflete um momento de tensão entre a necessidade de regulamentação consistente de IA e o desejo de autonomia dos Estados. O debate também evidencia as divisões internas dentro do Partido Republicano, entre representantes que defendem a liberdade de mercado e outros mais favoráveis a uma regulação estatal mais rígida.
Especialistas alertam que, à medida que a tecnologia avança, a ausência de uma legislação federal clara pode gerar um cenário fragmentado, onde o crescimento de IA será moldado por interesses diversos e, às vezes, conflitantes.
Impactos e desafios na regulamentação de IA
Analistas apontam que o resultado dessa disputa terá impacto direto no desenvolvimento da IA nos Estados Unidos e no mundo, influenciando o cenário regulatório global. A luta pelo controle da regulação revela as controvérsias sobre como equilibrar inovação, segurança e autonomia estadual na era da inteligência artificial.