Brasil, 25 de junho de 2025
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A influência das redes sociais em conflitos globais

A pandemia de desinformação nas redes sociais está aumentando a divisão social e os conflitos, revelam especialistas.

O surgimento das redes sociais prometeu uma democratização global da informação. Contudo, os benefícios desse acesso ampliado a dados foram diluídos por uma tsunami de desinformação, que, por sua vez, aumentou as divisões e os conflitos sociais. “Atualmente, temos mais conflitos do que nunca desde o fim da Segunda Guerra Mundial”, afirma Steve Killelea, empresário australiano e fundador do Global Peace Index (GPI), cuja última edição anual inclui um capítulo específico sobre o papel da tecnologia da informação em um mundo em conflito.

A desinformação alimentando a polarização

As investigações sobre os danos causados pelas redes sociais estão em andamento. Já foi demonstrado que os líderes dessas plataformas promovem conteúdos conflitantes, pois isso atrai tráfego e, consequentemente, publicidade. É um fato conhecido que as mentiras se espalham mais rápido do que a verdade e que, quando a verdade emerge, o dano já foi causado. A influência crucial nas eleições democráticas em todo o mundo e na exclusão social de quem discorda está bem documentada. Um estudo recente, publicado na revista Science Advances, acrescenta um fator preocupante a esse cenário: “A competição entre as fontes de notícias pela opinião pública pode incentivá-las a recorrer à desinformação… Os resultados revelam uma tendência a espalhar notícias falsas hiperbólicas para aumentar a participação do público”, diz Arash Amini e sua equipe de pesquisa da Universidade do Texas.

Aspiral Perigosa

Amini explica a espiral perniciosa: “O negócio de captar nossa atenção força a competição entre as fontes de notícias, levando os veículos de comunicação a usar linguagens mais impactantes e narrativas provocativas, e até a recorrer às notícias falsas, para aumentar o engajamento do leitor”, afirma. No entanto, sua equipe de pesquisa alerta que “embora o compartilhamento de desinformação tenha se tornado uma estratégia de crescimento de audiência, fazer isso pode prejudicar a credibilidade e levar a desvantagens a longo prazo.”

O papel das redes sociais nos conflitos globais

A equipe que produz o GPI documentou a influência das redes sociais nos conflitos globais, especialmente em relação à radicalização e ao terrorismo. Neste ano, o relatório enfatiza a influência dessas plataformas na polarização e no conflito. O GPI afirma que “um fluxo livre de informações é fundamental para a paz.” Mas ressalta a contradição: “Temos melhores comunicações e mais redes sociais e mídias do que nunca, mas também temos conteúdos inflamatórios ou partidários de baixa qualidade que aprofundam as divisões sociais.”

A polarização nas plataformas digitais

Segundo Killelea, “Por um lado, as pessoas podem acessar informações precisas como nunca antes, e a maioria faz isso. Mas, por outro lado, ao olhar para as plataformas de redes sociais, vemos uma tendência à polarização, e parte disso vem do algoritmo que lhe dá mais do que captou sua atenção. Existe uma tendência de oferecer conteúdo de maneira cada vez mais ousada, pois isso gera emoções e os encoraja a continuar, o que é o que as plataformas buscam: que você permaneça o máximo de tempo possível.” Ele também destaca a tendência do usuário de buscar informações que reforcem suas próprias morais ou valores, mesmo que sejam tendenciosas.

Possíveis soluções para a desinformação

Tanto os pesquisadores da Universidade do Texas quanto Killelea não apontam uma plataforma específica para culpar, afirmando que “não podemos rotular explicitamente as fontes de notícias que usam desinformação de forma estratégica como malignas, pois suas decisões podem ter surgido por interações repetidas, tornando a distorção da informação um resultado natural para a mídia hiperpartidária.” No entanto, ambos sugerem formas possíveis de contenção. Segundo Killelea, a contenção implicaria “uma melhor regulamentação da informação na internet.” Ele é cético quanto à disposição dos proprietários das plataformas de se autorregular sem um marco legal aplicável que garanta o equilíbrio necessário para garantir a liberdade de expressão.

Killelea e Amini concordam com outra solução de contenção. “É necessário uma melhor educação para diferenciar o preciso do impreciso,” diz Killelea, enquanto Amini acrescenta: “Nossos resultados destacam a eficácia de iniciativas educacionais destinadas a melhorar a literacia midiática e reduzir a suscetibilidade. Ao capacitar as pessoas com habilidades para avaliar melhor a credibilidade das informações que consomem, a suscetibilidade geral pode ser diminuída.”

Killelea é otimista e acredita que regulamentações e educação dos usuários serão introduzidas com o tempo, juntamente com um aumento da responsabilidade na moderação de conteúdo das próprias plataformas, apesar da tendência atual. Mas ele acrescenta: “Sempre haverá atores nefastos.”

Killelea defende restrições ao acesso às redes sociais para crianças menores de 12 anos – na Austrália, a lei atualmente proíbe menores de 16 anos de terem uma conta em rede social. Ele ressalta que a garantia da liberdade de expressão nunca deve incluir “violência extrema” ou “pornografia infantil.” E conclui que um endurecimento nessas áreas poderia contribuir para uma paz global que está mais instável agora do que esteve nos últimos 78 anos. Ele observou, com poucas exceções, um aumento anual na militarização e nos conflitos, que geram “sofrimento maciço.” Em vez de engajar em conflitos difíceis de vencer, ele considera mais eficaz “investir na paz.”

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