Longo antes do icônico T. rex, a Terra era dominada por supercarnívoros que eram mais estranhos e aterradores do que qualquer criatura imaginada por Hollywood. Essas ferozes criaturas viveram durante o período Permiano, que ocorreu há cerca de 299 a 251 milhões de anos. Novas descobertas paleontológicas estão revelando mais sobre esse mundo esquecida e suas complexidades.
Descobertas do Permiano e seus predadores
Recentemente, enquanto trabalhava em uma coleção de fósseis no Museu de História Natural de Iziko, na Cidade do Cabo, o professor Julien Benoit se deparou com uma caixa antiga que não era aberta há mais de 30 anos. Dentro dela, uma confusão de ossos, incluindo muitos crânios mal rotulados, o levou a um momento emocionante de descoberta. Entre os restos, estava um dente pontudo, o que sugeria que duas criaturas do tamanho de lobos estavam lutando por domínio antes de um dos dentes ser quebrado. Porém, esse objeto não era de um dinossauro; tratava-se de um artefato de um mundo longínquo.
Esse fóssil pertencia a um gorgonopsiano, um grupo de predadores de topo que viveu há aproximadamente 250 a 260 milhões de anos, quando a Terra era dominada por grandes criaturas, incluindo esses carnívoros que não eram apenas bem adaptados para a caça, mas também possuíam um conjunto variado de dentes para diferentes funções alimentares.
Um mundo peculiar
O Permiano começou com um período glacial que transformou o hemisfério sul em um bloco contínuo de gelo. Depois disso, o clima esquentou, e vastas extensões de terra emergiram na supercontinente Pangaea. Durante esse período, a Terra estava repleta de uma diversidade de vidas estranhas, desde insectos que se pareciam com libélulas gigantes até anfíbios carnívoros com até 10 metros de comprimento. Os sinápsidos – ancestrais dos mamíferos – dominaram a fauna terrestre.
Esses sinápsidos desenvolveram características que os permitiram prosperar em seus ambientes, incluindo a capacidade de incubar seus jovens internamente e a adoção de um estilo de vida predominantemente terrestre, o que era uma inovação notável na época.
Pioneiros do terror
Os gorgonopsianos, como o Inostrancevia e o Anteosaurus, eram predadores impressionantes com dentes afiados e crânios robustos, adaptados para caça. Essas criaturas, particularmente o Anteosaurus, eram parecidas com os grandes felinos modernos em sua aparência e tinham um apetite voraz, podendo consumir quase qualquer coisa que fitsse em suas bocas.
O Anteosaurus não apenas possuía uma poderosa mandíbula, mas também era surpreendentemente ágil, uma combinação que o tornava um dos predadores mais temidos de sua época. Estudos recentes mostraram que o Anteosaurus tinha adaptações no ouvido interno que o tornavam um caçador eficiente e preciso, capaz de manter o foco em suas presas enquanto as perseguia.
A Grande Morte
Entretanto, esses predadores estavam destinados a um fim trágico. Durante o evento conhecido como a Grande Morte ou a extinção em massa do Permiano-Triássico, cerca de 90% de todas as espécies na Terra foram eliminadas. As evidências sugerem que atividades vulcânicas extremas aumentaram os níveis de dióxido de carbono na atmosfera, resultando em um aumento dramático da temperatura global e causando a extinção em massa de inúmeras espécies.
Essas extinções permitiriam o surgimento de novos grupos, incluindo os dinossauros, que mais tarde dominariam o planeta. Contudo, a história desses supercarnívoros do Permiano continua a inspirar novas pesquisas e reverberar como um lembrete da fragilidade da vida na Terra e da importância da preservação dos ecossistemas atuais.
Assim, por trás das histórias desse mundo esquecido, os supercarnívoros do Permiano não são apenas recordações do passado, mas também lições que podem nos ajudar a entender os desafios que enfrentamos na conservação da biodiversidade hoje.