O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou suas críticas ao presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, após a decisão de manter as taxas de juros na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano. Em publicações nas redes sociais, Trump afirmou que o país deveria estar com os juros entre dois e três pontos percentuais abaixo do atual e que Powell é “burro” e “teimoso”.
Pressão de Trump e postura do Fed
Antes da participação de Powell em uma audiência na Câmara dos EUA, Trump afirmou que “não planeja demitir Powell”, mas voltou a pressionar o banco central por cortes nas taxas de juros do país. No entanto, a autoridade monetária decidiu, na última quarta-feira (18), manter a política de juros inalterada, sua quarta decisão consecutiva de pausa.
Durante a audiência, Powell destacou que os cortes de juros podem esperar até que o mercado de trabalho mostre sinais de fraqueza e que há incertezas sobre os efeitos das tarifas aplicadas por Trump às importações. “Não quero me concentrar em nenhuma reunião específica. Não acho que precisamos ter pressa”, afirmou.
Razões para manter as taxas
O presidente do Fed explicou que, embora haja expectativa de aumento na inflação devido às tarifas, a instituição prefere aguardar os efeitos dessa política tarifária antes de reduzir os juros. “Se as pressões inflacionárias permanecerem contidas, chegaremos a um ponto em que cortaremos as taxas mais cedo ou mais tarde”, afirmou Powell.
Ele reforçou que o foco do banco central é controlar a inflação, independentemente das decisões do governo Trump no comércio internacional, e que as perspectivas indicam que o índice de preços poderá ganhar força ao longo do ano.
Cenário econômico e a guerra tarifária
O contexto internacional influencia diretamente as decisões do Fed. A guerra comercial entre EUA e China, que atingiu tarifas de até 145% sobre produtos chineses importados pelos americanos, continua gerando preocupação no mercado financeiro. Apesar de um acordo provisório assinado em maio, com redução das tarifas por 90 dias, as negociações ainda estão em andamento.
Especialistas alertam que o aumento de tarifas provoca aumento de custos internos, o que pode pressionar ainda mais a inflação nos EUA — o que vai de encontro ao objetivo de Trump de estimular a indústria nacional. Além disso, a instabilidade tarifária contribui para a queda de confiança dos consumidores e amplia os riscos de desaceleração econômica ou até recessão.
Futuro das taxas de juros
De acordo com Powell, a decisão de não reduzir os juros agora visa evitar uma resposta impulsiva às incertezas do cenário global, especialmente relacionadas às tarifas e à guerra comercial. Ele acrescentou que, se as condições permitirem, o corte nas taxas poderá ocorrer mais cedo ou mais tarde, dependendo das pressões inflacionárias.
O presidente do Fed também destacou que o banco central busca manter a estabilidade da inflação, sem se posicionar explicitamente sobre as ações comerciais de Trump. As próximas semanas serão decisivas para avaliar os efeitos das tarifas na economia americana e o momento mais adequado para os ajustes na política monetária.