A formação de uma nova federação entre o Partido Republicano da Formatação Democrática (PRD) e o Solidariedade, a ser oficializada amanhã no Salão Verde da Câmara dos Deputados, marca um momento significativo na política brasileira. A aliança, que surge numa fase de crescente descontentamento em relação ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, contribui para a redução da fragmentação partidária no Brasil ao menor nível em quase quatro décadas. Contudo, essa mudança também poderá intensificar as dificuldades do governo na hora de construir uma base parlamentar sólida.
A dinâmica entre PRD e Solidariedade
Composta por apenas dez deputados, a nova federação tem como um de seus principais objetivos distanciar-se do petista. Historicamente, o Solidariedade fez parte da coligação de Lula nas eleições de 2022, mas agora os dirigentes do partido buscam uma nova trajetória. Eles estão inclinados a apoiar a candidatura presidencial de Ronaldo Caiado, atual governador de Goiás e membro do União Brasil.
Motivos para o distanciamento
Desde o início do ano, o Solidariedade vem manifestando insatisfações em relação ao governo Lula. O presidente da sigla, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), não apenas criticou a atuação do governo, especialmente em questões relacionadas à fraude do INSS, mas também assinou um requerimento para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o assunto. Essa postura de oposição, segundo Paulinho, é reflexo do descontentamento crescente com a administração atual, enfatizando que o partido “hoje já atua contra o governo” na Câmara.
Histórico do PRD
Por outro lado, o PRD é uma sigla relativamente nova, formada em 2023 pela fusão do PTB e do Patriota, ambos partidos considerados mais alinhados com o ex-presidente Jair Bolsonaro. A liderança do PRD é assumida por Ovasco Resende, ex-presidente do Patriota, que terá um papel central na nova federação com o Solidariedade. Marcos Vinícius Neskau, tesoureiro do PRD, articula a união mencionando que essa insatisfação com o governo tem sido um forte motivador.
Objetivos da federação
O principal objetivo imediato da federação entre PRD e Solidariedade é atingir a cláusula de barreira, que exigirá um mínimo de 13 deputados eleitos por ao menos nove estados nas eleições de 2026. Atualmente, ambos os partidos têm apenas cinco deputados cada, o que mostra a necessidade de união para garantir a sobrevivência política de suas siglas. Se oficializada, essa federação reduzirá o número de bancadas na Câmara dos Deputados para 14, um recorde baixo desde a redemocratização em 1986.
Outras federações em formação
Além de PRD e Solidariedade, outros partidos também estão se movendo em direção à formação de federações. O União Brasil e o PP, por exemplo, anunciaram um acordo que ainda precisa ser validado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Juntos, eles dispõem de 110 deputados, o que, se concretizado, os tornaria a maior bancada na Câmara.
Enquanto isso, outras legendas, como MDB e Republicanos, também discutem a possibilidade de se unirem em uma federação. No entanto, há resistências internas que podem dificultar a concretização desses acordos.
O cenário atual das federações
No cenário político atual, três federações estão em atividade com a aprovação do TSE: PT-PCdoB-PV, PSOL-Rede e PSDB-Cidadania. Todas essas alianças têm vigência até maio de 2026. Recentemente, o PSDB chegou a sinalizar a possibilidade de encerrar a atual aliança e estava em negociações com o Podemos, que foram desfeitas devido a divergências internas.
Com a formação da federação entre PRD e Solidariedade, as dinâmicas da política brasileira podem passar por transformações significativas. O futuro será moldado pela capacidade desses partidos de se unirem em torno de objetivos comuns e fortalecê-los em meio a um cenário já desafiador, particularmente para o governo Lula.
Enquanto isso, fica a expectativa sobre como essa nova configuração afetará a jornada política rumo às eleições de 2026, onde a luta por espaços e vozes no cenário político se intensificará.