Servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) denunciariam falhas sistemáticas nos programas do órgão. De acordo com um levantamento obtido pelo Metrópoles, as plataformas ficaram fora do ar por mais de 51 horas entre 22 de maio e 23 de junho. Esse tempo de instabilidade tem trazido preocupação em relação à eficácia dos serviços prestados pelo INSS, crucial para milhões de cidadãos brasileiros.
Impacto das falhas nos serviços do INSS
Os dados técnicos indicam que foram registradas 51 horas e 17 minutos de instabilidade em 23 dias úteis. Essa realidade tem gerado uma enorme dificuldade tanto para os servidores que precisam lidar com essas plataformas quanto para a população que depende de seus serviços. O Metrópoles procurou o INSS e a Dataprev, mas ainda aguarda respostas sobre as medidas que estão sendo tomadas para resolver a situação.
A inflação dos serviços é ainda mais crítica considerando que estas interrupções ocorrem no horário de expediente, afetando diretamente o atendimento ao público e o trabalho interno da autarquia. Em um incidente já relatado, os sistemas do INSS estiveram inoperantes por mais de seis horas em 9 de junho, e outras falhas também foram registradas nas madrugadas dos dias 10 e 11 de junho.
“Trabalhar com sistemas instáveis é angustiante. Perdemos muito tempo parados diante do computador, esperando que tudo volte ao normal”, revelou uma funcionária do INSS, que preferiu manter o anonimato.
Desdobramentos da instabilidade
As falhas nos sistemas acontecem em um momento delicado para o INSS, especialmente após a revelação de um esquema de cobranças indevidas de mensalidades associativas relacionadas a aposentadorias e pensões de segurados. O caso, que foi levado à tona pelo Metrópoles, revelou que 29 entidades autorizadas pelo INSS tiveram um aumento de 300% em seus ganhos com essas cobranças, enquanto enfrentavam mais de 60 mil processos judiciais por descontos indevidos.
Essas irregularidades levaram o INSS a iniciar procedimentos de investigação interna e também despertaram a atenção da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal, resultando na Operação Sem Desconto. A situação foi tão grave que culminou na exoneração do diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis.
Colapso digital ou simplesmente instabilidade?
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência no Rio Grande do Sul (Sindisprev RS), a situação é agravada por um “colapso digital”. O sindicato enfatiza que esses problemas não são meras instabilidades, mas sim questões que afetam diretamente milhões de brasileiros que precisam dos serviços previdenciários e sociais, atrasando análises de benefícios e impossibilitando a realização de tarefas básicas pelos servidores.
“Essas interrupções impactam diretamente a vida de milhões de brasileiros que dependem de serviços previdenciários e sociais”, afirmou uma nota do sindicato.
Os servidores pedem melhorias urgentes na infraestrutura e nos sistemas do INSS, afirmando que “não há como garantir direitos sociais nem prestar um serviço público dignamente”. O sindicato não hesita também em criticar a cobrança de metas em meio a essas falhas operacionais, afirmando que isso se traduz em uma transferência de responsabilidades do Estado para os trabalhadores na linha de frente, penalizando, assim, as populações mais vulneráveis.
O caminho a seguir
Para superar essa fase crítica, é fundamental que o INSS e a Dataprev realizem reformas estruturais que garantam a estabilidade e eficiência dos seus sistemas. As recentes falhas não apenas comprometem o trabalho da autarquia, mas também afetam diretamente a vida de cidadãos que dependem de serviços essenciais para sua sobrevivência, como aposentadorias e benefícios. A efetividade do serviço público deve ser priorizada para garantir que os direitos da população sejam respeitados e cumpridos.
Portanto, a sociedade civil, sindicatos e o governo devem unir forças para encontrar soluções viáveis que restauram a confiança na operacionalidade do INSS. Afinal, o funcionamento adequado desta instituição é fundamental para assegurar o bem-estar de milhões de brasileiros que dela dependem.