Depois do ataque dos Estados Unidos a sites de enriquecimento nuclear no Irã em 21 de junho, crescem as discussões sobre os riscos ambientais. Apesar do medo de uma liberação de material radioativo semelhante a uma bomba suja, especialistas afirmam que a ameaça de radiação de uma ação militar específica é limitada e local, devido à natureza do enriquecimento de urânio.
Contaminação radioativa e os mitos
Simon Middleburgh, professor de Engenharia Nuclear na Universidade de Bangor, no Reino Unido, explica que o ataque não representa o mesmo risco de radiação que um acidente com um reator nuclear em funcionamento. “A contaminação, se ocorrer, tende a ser limitada ao entorno imediato”, afirma. O enriquecimento de urânio não envolve fissão, que é o processo que gera a maior quantidade de material radioativo perigoso.
Perigos de toxicidade química e considerações estratégicas
Embora a radiação seja uma preocupação controlável, os gases tóxicos liberados durante o enriquecimento representam um risco maior de toxicidade química, alerta Rafael Mariono Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). “Nenhum aumento nas doses de radiação fora do local foi reportado”, afirmou Grossi em 23 de junho, destacando que futuras ações militares devem evitar alvos como a usina de Bushehr, no Irã, que é de uso civil.
Riscos para a usina de Bushehr
Segundo o especialista, um ataque direto à usina poderia provocar uma liberação significativa de radiação, além de potencial risco de derretimento do núcleo do reator, com evacuações necessárias em uma área de centenas de quilômetros ao redor.
O que há de perigoso no enriquecimento de urânio
Apesar das apreensões, especialistas reforçam que o urânio enriquecido, na quantidade atualmente conhecida (400 kg de U-235), apresenta pouco risco de radiação. “Uranium não é altamente radioativo por si só”, explica Paddy Regan, professor de Física Nuclear na Universidade de Surrey, no Reino Unido.
O verdadeiro perigo reside nos produtos de fissão do urânio, como iodo, estrôncio e césio, que são altamente radioativos. James Smith, professor de ciências ambientais na Universidade de Portsmouth, destaca que esses elementos são muito mais perigosos do que o urânio em si.
Impacto ambiental em locais de conflito nuclear
Na região de Chernobyl, por exemplo, há dispersão de resíduos de urânio provenientes do combustível nuclear, mas essa não é a principal fonte de risco. “A preocupação maior é com os produtos de fissão que, ao se dispersarem, representam uma ameaça mais aguda”, afirma Smith.
Perspectivas futuras e medidas de precaução
Especialistas enfatizam a importância de ações bem planejadas para evitar danos ambientais graves, especialmente em instalações civis. Além disso, ressaltam que qualquer ataque deve considerar não só os impactos militares, mas também as consequências ambientais e de saúde pública.
O entendimento correto dos riscos ajuda a melhorar as estratégias de intervenção, protegendo populações e minimizando a contaminação. O risco de radiação a partir de enriquecimento de urânio, assim como a liberação de materials radioativos de alta densidade em explosões, permanece sob controle na maioria dos cenários, desde que ações sejam cuidadosamente planejadas e sob vigilância internacional.
Meta descrição: Especialistas esclarecem os riscos ambientais de ataques a sites nucleares no Irã, destacando a baixa probabilidade de radiação da contaminação. Tags: Meio Ambiente, Segurança, Irã, Energia Nuclear.