Um projeto de lei que visa a autorização para a retomada dos rodeios em Taubaté será debatido na sessão da Câmara Municipal desta terça-feira (24). A proposta, de autoria do vereador Bilili de Angelis (PP), é vista por seus defensores como uma valorização da cultura local e uma geração de novas fontes de renda. No entanto, o assunto é altamente controverso, com grupos de ativistas alertando sobre os possíveis maus-tratos aos animais envolvidos.
Argumentos a favor da proposta
O vereador Bilili de Angelis argumenta que a prática dos rodeios é uma tradição regional que deve ser mantida. Em defesa do projeto, ele afirma: “Hoje um boi tem academia, lago para nadar e é valorizado. São atletas. E a nossa região precisa. Taubaté está muito parado, perdendo tudo, quieto”. A proposta autoriza uma série de atividades ligadas aos rodeios, incluindo montarias em touros, provas equestres cronometradas e hipismo, entre outras.
No projeto, Bilili também menciona a importância de medidas de segurança e bem-estar para os animais. Ele sugere que a presença de médicos veterinários seja obrigatória durante os eventos e que haja um controle rigoroso sobre a saúde dos animais utilizados nas competições. O projeto ainda propõe a destinação de 3% da verba obtida com os rodeios para causas ligadas à proteção animal, algo que busca amenizar a resistência de grupos opositores.
Resistência e preocupações de ativistas
Por outro lado, os ativistas da causa animal expressam veementemente sua oposição ao projeto de lei. Eles afirmam que os rodeios não são eventos esportivos, mas formas de entretenimento que impõem sofrimento e crueldade aos animais envolvidos. Afonso Neto, presidente da ONG Amor e Vida, declarou: “Por mais que digam que não há tortura, existe sim. Rodeio não é esporte, é tortura”.
Além disso, ele ressaltou as dificuldades enfrentadas por aqueles que tentam fiscalizar os eventos, alegando que, em sua experiência anterior, enfrentou hostilidade ao tentar verificar as condições dos animais durante um rodeio clandestino.
Contexto histórico dos rodeios em Taubaté
Os rodeios foram banidos em Taubaté desde 2009, e a discussão sobre a sua liberação não é nova. Em 2016 e 2017, propostas semelhantes foram apresentadas na câmara, mas não tiveram sucesso. Em 2018, a Câmara permitiu apenas eventos agropecuários e leilões de animais. A situação se agravou em 2020 quando um rodeio clandestino foi interrompido pela polícia, resultando na autuação de 48 pessoas por crimes ambientais e maus-tratos.
Próximos passos
O projeto, que foi protocolado em 23 de maio, já passou por duas comissões e está pronto para ser votado. O parecer favorável da Comissão de Justiça e Redação foi emitido em 10 de junho, seguido pela aprovação da Comissão de Defesa e Proteção dos Animais em 16 de junho. Com o aumento da pressão por parte de ambos os lados, será interessante observar como os vereadores se posicionarão frente a esse tema tão polarizador.
Independentemente da decisão da câmara, o retorno dos rodeios em Taubaté promete continuar a gerar debates acalorados, refletindo a batalha entre tradições culturais e o cuidado com os direitos dos animais na sociedade atual.
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