A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa criminalizar a posse e o porte de entorpecentes completa um ano paralisada na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (25). Anunciada em junho de 2024 pelo então presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), a comissão especial que deveria analisar a proposta ainda não conta com indicações de diversos partidos, atrasando a discussão em torno do tema.
A situação atual da comissão especial
Atualmente, a comissão responsável pela análise da PEC das drogas tem 34 membros titulares e a mesma quantidade de suplentes. Até o momento, apenas alguns partidos como PL, PSD, Republicanos, Podemos, Avante e PRD completaram suas indicações. O PP ainda deixou uma vaga em aberto, enquanto partidos como a federação PT-PCdoB-PV, União Brasil, MDB, a federação PSDB-Cidadania, PDT e PSB não fizeram suas nomeações.
Nos bastidores da Câmara, não há previsão de que o tema retorne à discussão sob a gestão de Hugo Motta (Republicanos-PB). É importante ressaltar que a criação da comissão foi uma reação ao Supremo Tribunal Federal (STF), que descriminalizou a posse de maconha para uso pessoal, causando certa polarização na Casa Legislativa.
Reações e implicações políticas
A desmobilização em torno da PEC das drogas não se limita apenas à falta de indicações partidárias. A decisão do STF de descriminalizar o porte de maconha gerou uma reação acalorada da oposição, que denunciou uma suposta intervenção do Judiciário no Legislativo. Isso gerou pressão sobre o Congresso para que tomasse uma posição em resposta ao parecer do STF.
A proposta foi redigida pelo então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que também foi alvo de críticas e cobranças para uma reação. A PEC já havia passado pelas mãos dos senadores e pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), mas agora se encontra em um estado de estagnação.
Entenda a PEC das Drogas
A PEC das Drogas, também conhecida como Proposta de Emenda à Constituição nº 45/2023, propõe a alteração do artigo 5° da Constituição Federal, visando a criminalização da posse e do porte de entorpecentes e drogas afins, exceto se autorizado ou de acordo com a legislação. A proposta sugere, ainda, que aos usuários sejam impostas penas alternativas à prisão e o encaminhamento para tratamento contra a dependência química.
A questão da criminalização das drogas no Brasil é um tema por demais complexa e controversa, envolvendo uma série de debates sobre saúde pública, direitos humanos e segurança. Enquanto algumas vozes clamam por uma abordagem mais liberal e focada na saúde, outras defendem a criminalização como uma solução eficaz para combater o tráfico de drogas e a criminalidade associada.
O futuro da PEC e da discussão sobre drogas
A falta de movimentação sobre a PEC das drogas levanta questões sobre o futuro do debate legislativo sobre a questão das drogas no país. Dada a resistência de diversos partidos em indicar membros para a comissão, e a aparente desmobilização do governo, não há sinalização clara de quando ou se essa proposta será novamente avaliada.
Com a opinião pública dividida e o tema se tornando cada vez mais relevante nas discussões sociais, a expectativa é que a Câmara dos Deputados encontre uma forma de avançar nesse debate. No entanto, as incertezas políticas e a complexidade do tema fazem com que o caminho seja cheio de obstáculos.
A PEC das drogas, que representa mais do que uma questão legislativa, é refletora de uma sociedade que busca compreender e alcançar uma solução equilibrada para um problema que afetou milhões de brasileiros. A esperança é que o engajamento tanto de personalidades políticas quanto da sociedade civil possa fomentar avanços significativos na discussão e na implementação de políticas públicas mais eficazes ao redor do uso e da dependência de drogas.
Para mais informações, acesse o link da fonte: Metropoles