Enquanto a atenção do mercado internacional se voltava para o possível fechamento do Estreito de Ormuz, uma verdadeira enxurrada de petróleo do Golfo Pérsico está se formando. Essa onda chega em um momento de excesso de oferta, pressionando as cotações do petróleo Brent, que nesta terça-feira estavam negociadas abaixo de US$ 70, mesmo após o acordo de cessar-fogo entre Israel e Irã.
Mercado de petróleo: excesso de oferta e impacto nos preços
A atual situação desafia as expectativas de recuperação, pois o verão no Hemisfério Norte, tradicionalmente impulso sazonal de demanda, não conseguiu projetar uma alta consistente nos preços. A guerra de 12 dias entre Irã e Israel, ao contrário do que se previa inicialmente, agravou o desequilíbrio entre oferta e demanda, levando os preços do petróleo a cair ainda mais.
O excesso de petróleo se reflete também na produção dos principais países do Golfo. Arábia Saudita, Kuwait, Iêmen, Emirados Árabes Unidos e Iraque elevaram suas exportações em junho, apontando uma forte oferta de petróleo. Dados da Petro-Logistics indicam que a Arábia Saudita deve fornecer 9,6 milhões de barris por dia, o maior nível em dois anos, impulsionada por uma produção mais elevada, apesar do conflito recente.
Irã e produção de petróleo: satélites revelam pico
Surpreendentemente, o Irã, mesmo sob bombardeios israelenses e americanos, aumentou sua produção de petróleo. Fotos de satélite e dados de transporte sugerem que a produção iraniana atingirá um pico em sete anos, com mais de 3,5 milhões de barris diários neste mês — um leve crescimento em relação a maio. Esses números indicam que, apesar das tensões, o Irã continua bombeando petróleo em alta.
De acordo com Daniel Gerber, chefe da Petro-Logistics, “uma grande quantidade de petróleo saiu do Golfo Pérsico na primeira metade de junho”, reforçando a ideia de que a oferta está superando a demanda. O mercado, por sua vez, permanece inundado de petróleo, mesmo com a retomada de negociações entre Washington e Teerã, como destacou o presidente Donald Trump, que deseja manter os preços durante US$ 70 por barril.
Perspectivas do mercado e riscos geopolíticos
O conflito no Oriente Médio, que elevou o preço do barril para pico de US$ 78,40, acabou ajudando produtores de xisto americanos a fixar preços futuros e manter níveis de perfuração mais altos. Bancos de Wall Street relataram algumas das maiores operações de hedge de petróleo dos últimos anos, evidenciando a adesão dos investidores às estratégias de proteção contra volatilidades.
Por outro lado, a instabilidade na região mantém o cenário de incerteza. Pequenas variações de preços, de US$ 10 a US$ 20 por barril, já fazem diferença para as empresas de xisto, que operam com margem de lucratividade muito sensível. Os preços atualmente próximos de US$ 50 geram dificuldades financeiras para muitas companhias, enquanto US$ 70 ou mais favorecem a retomada de uma produção mais agressiva.
Impactos futuros e cenário global
Embora o conflito ainda não tenha terminado, o fluxo de petróleo de países do Golfo persiste em níveis elevados, devido a aumento de exportações, especialmente por parte da Arábia Saudita. O risco de novas interrupções na oferta, por qualquer motivo geopolítico, pode alterar a balança do mercado internacional, que neste momento está nadando em petróleo.
Segundo analistas, o mundo possui atualmente uma sobra de petróleo que pode manter os preços baixos, mesmo diante de tensões e conflitos. Os próximos meses serão decisivos para entender se essa tendência se manterá ou se uma nova fase de alta poderá se consolidar, dependendo de fatores políticos e econômicos globais.
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