Na Pio XI do Palácio San Calisto, em Roma, a Igreja apresentou uma proposta inovadora com a criação da sociedade consortial “Sette Pani”. O objetivo central é transformar as estruturas assistenciais da Igreja em um “único corpo”, respondendo às novas demandas e desafios que o setor de saúde enfrenta nos dias atuais.
A urgência de uma resposta unificada na saúde
O cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, foi um dos principais oradores do evento, onde destacou a importância de reafirmar o papel da Igreja na assistência aos enfermos. Segundo Parolin, as instituições de saúde católicas têm passado por um processo de privatizações e especulações que coloca em risco a missão de evangelização e caridade que essas instituições representam. Para ele, é urgente criar um sistema que unifique as respostas da Igreja a essas mudanças.
Em seu discurso, Parolin ressaltou a necessidade de combater a “monetização venal” desse compromisso e de salvaguardar o carisma e a sustentabilidade das suas atividades de assistência, tarefa que se torna cada vez mais desafiadora em um mundo marcado por novas formas de pobreza e desigualdade na saúde.
Desafios e realidades da assistência católica
O cardeal enfatizou que muitas vezes, as crises enfrentadas pelas instituições de saúde são resolvidas por meio da privatização, o que representa um alerta para a Igreja. “Me entristece ter que assistir impotente à alienação das nossas estruturas”, disse Parolin, mostrando a preocupação com o futuro das obras católicas. Ele acredita que a criação de um sistema mais integrado pode contribuir para a superação desses desafios.
Presença significativa, ainda que frágil
Dados apresentados durante o encontro revelam que na Itália existem mais de 350 estruturas de saúde católicas, que representam 5,2% da atividade sanitária nacional. Apesar dos números expressivos, Parolin alertou que muitas dessas instituições enfrentam dificuldades de sustentabilidade devido a falhas administrativas e gerenciais. A maioria das obras socio-sanitárias está nas mãos de leigos, um reflexo da diminuição das vocações religiosas e da necessidade de adaptação à nova realidade do setor.
Construindo um “Sistema” coeso
O apelo à unidade e à colaboração foi uma constante na fala do cardeal. Ele destacou que as instituições precisam deixar de lado individualismos e resistências para se constituírem em um “único corpo”, onde haja um compartilhamento das melhores práticas e experiências. “Fazer sistema” é o caminho apontado por Parolin para garantir a sustentabilidade e eficácia das atividades de assistência da Igreja.
Um olhar para o futuro: do local ao global
O projeto “Sette Pani” pretende, inicialmente, engajar as estruturas sanitárias católicas brasileiras e, posteriormente, expandir para contextos sociais mais desafiadores em nível internacional. O padre Marco Belladelli, coordenador da Pontifícia Comissão, reafirmou que a colaboração entre as instituições de saúde católicas é fundamental para enfrentar os desafios impostos pelos grupos privados de saúde, que frequentemente buscam expandir seu domínio no setor.
Conclusão: um compromisso renovado com a saúde
O evento em Roma foi marcado pela reflexão sobre a missão da Igreja na assistência a enfermos, reafirmando a necessidade de um compromisso renovado e multidimensional com a saúde. A criação da sociedade consortial “Sette Pani” representa um verdadeiro marco na tentativa de unificar e fortalecer as estruturas assistenciais e reafirmar o valor evangélico diante dos desafios contemporâneos. O cardeal Parolin sintetizou bem essa missão ao afirmar que “a atividade sanitária da Igreja é, antes de tudo, anúncio de Cristo salvador e misericordioso”.
Para mais detalhes sobre a proposta da “Sette Pani” e as discussões realizadas, acesse a fonte da notícia.
