A disputa pela presidência do diretório estadual do PT em Minas Gerais ganhou novos contornos nesta segunda-feira (23), após a direção nacional do partido barrar a candidatura da deputada federal Dandara Tonantzin. A justificativa oficial foi uma dívida de campanha de R$ 130 mil que, segundo o partido, não teria sido quitada. A deputada, no entanto, afirma que o valor foi devolvido automaticamente pelo banco e que não percebeu o problema técnico.
A reação dos aliados de Dandara
A decisão provocou forte reação entre aliados da parlamentar, que acusam uma manobra política para enfraquecer a ala ligada ao deputado federal Reginaldo Lopes, principal fiador da candidatura de Dandara. Lopes, conhecido por sua influência e articulação dentro do partido, está em uma disputa interna intensa com o grupo da atual tesoureira nacional do PT, Gleide Andrade, que também possui forte influência sobre a estrutura partidária e é aliada próxima da presidente nacional, Gleisi Hoffmann.
O jogo de poder e as ambições de Gleide Andrade
A preocupação com a manutenção do poder tem sido a tônica na política interna do PT. Gleide Andrade, atual tesoureira, tenta se manter em seu cargo estratégico na nova composição da direção nacional, prevista para o final deste ano. Segundo interlocutores petistas, ela atua nos bastidores para garantir majority entre os presidentes estaduais, incluindo o de Minas, como forma de assegurar sua permanência e influência no partido.
No mês passado, Gleide teria negociado um espaço privilegiado com o ex-ministro Edinho Silva, que é o favorito para assumir a presidência nacional do partido, após a desistência do vice-presidente Washington Quaquá. Com o apoio da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) a Edinho, a posição nos estados se tornou peça-chave para a consolidação do acordo, mostrando a importância das alianças políticas dentro do PT.
Consequências para a democracia interna do PT
Com a exclusão de Dandara da disputa, aliados da deputada expressaram preocupação sobre como isso enfraquece a democracia interna do partido. Eles afirmam que irão recorrer da decisão, enfatizando que “um erro técnico bancário não pode impedir a nossa democracia interna e a livre escolha do nosso próximo presidente do partido”, conforme declarou Reginaldo Lopes.
A decisão da executiva nacional provocou desconforto e até troca de farpas entre lideranças mineiras. Em grupos de WhatsApp, o deputado federal Rogério Correia, que apoia a deputada estadual Leninha para a presidência do PT-MG, chegou a comemorar a saída de Dandara da disputa. Por outro lado, Reginaldo Lopes se queixou da postura do correligionário a interlocutores, reativando uma rivalidade antiga entre os dois.
Rivalidades e descontentamentos
No ano passado, após as eleições municipais, o rompimento entre eles veio à tona. Após ser derrotado na disputa pela prefeitura de Belo Horizonte, Correia criticou Lopes por ter apoiado o candidato do PSD, Fuad Noman, no primeiro turno, classificando-o como “porta-voz do ‘PT de centro’”. Essa rixa nunca foi realmente superada e continua a influenciar os bastidores das eleições internas em Minas, revelando a complexidade das relações dentro do partido.
À medida que a disputa prossegue e as relações se tornam mais tensas, o futuro do PT em Minas Gerais pode estar em jogo. A luta política entre as diferentes correntes do partido destaca não apenas as ambições pessoais, mas também as questões mais amplas de democracia interna e a necessidade de unir as forças em um período crucial para a política brasileira.