Uma aguardada reunião secreta para fornecer membros do Congresso detalhes sobre os bombardeios surpreendentes às instalações nucleares iranianas foi cancelada de maneira inesperada nesta terça-feira, provocando indignação entre parlamentares democratas e levantando suspeitas de que a Casa Branca esteja ocultando informações cruciais. Analises preliminares indicam que os ataques podem ter apenas atrasado moderadamente o programa nuclear iraniano.
Reação dos democratas e questionamentos sobre transparência
O cancelamento ocorreu pouco antes do almoço, impedindo os congressistas de obterem uma visão detalhada da inteligência sobre o escopo, os resultados e a estratégia por trás da decisão do presidente Donald Trump de usar bombas de efeito bunker-buster em três importantes sites nucleares no fim de semana. Segundo informações divulgadas pela CNN, uma avaliação inicial da Inteligência de Defesa revelou que os bombardeios não destruíram totalmente as instalações subterrâneas iranianas, atrasando seu programa nuclear por apenas alguns meses.
“O que a Administração teme tanto?” questionou o senador Chuck Schumer (D-NY) em nota nesta terça-feira. “Por que eles se recusam a discutir com o Congresso detalhes essenciais: os resultados dos ataques, a situação da trégua, a estratégia de longo prazo para impedir que o Irã obtenha armas nucleares e os riscos para os cidadãos americanos e os soldados?”
Descontrole na narrativa e declarações controversas de Trump
O dia foi marcado por uma postura problemática do presidente Donald Trump, que ventou sua frustração em redes sociais e na imprensa, incluindo comentários considerados vulgares, onde culpar o Irã e Israel por minar uma trégua que, segundo ele, foi mediada por ele mesmo. “Não estou satisfeito com o Irã, mas tampouco com Israel”, afirmou Trump, acrescentando que as ações das duas nações demonstram tamanha confusão que “nem sabem o que estão fazendo”.
Essa postura gerou uma atmosfera de caos no governo, com democratas pressionando por transparência e respostas. Ainda na tarde de terça-feira, muitos parlamentares aguardavam esclarecimentos sobre a efetividade dos ataques e se a trégua realmente estaria mantida. Além disso, questionavam o motivo pelo qual o governo se recusava a fornecer informações, mesmo após assumir riscos de uma possível crise regional.
Futuro do controle parlamentar e esforços contra a escalada militar
O senador Richard Blumenthal (D-CT) afirmou que ainda esperava uma reunião para esclarecer os resultados dos bombardeios e a situação da trégua. “Primeiro, quero saber se há uma trégua em vigor. Em segundo lugar, minha prioridade é impedir que o Irã obtenha armas nucleares, mas ainda não sabemos se os ataques cumpriram esse objetivo”, afirmou.
Para fortalecer o controle, democratas e alguns republicanos trabalham na reativação de uma Resolução de Poder de Guerra, que obrigaria Trump a buscar autorização do Congresso para qualquer ação militar adicional contra o Irã. Os proponentes explicaram que a proposta foi ajustada para não comprometer o apoio dos EUA a Israel ou atividades de inteligência, garantindo que o objetivo principal seja limitar a escalada de conflito.
Perspectivas e próximos passos
Espera-se que a Casa Branca reapresente o briefing adiado na quinta-feira, com a participação de secretários como Marco Rubio e Pete Hegseth, que estão com Trump na conferência da NATO em Haia. Analistas políticos avaliam que a falta de transparência pode reforçar a crise de confiança no governo, além de estimular debates intensos sobre os limites do poder presidencial em ações militares e o papel do Congresso na autorização de conflitos internacionais.
