Brasil, 24 de junho de 2025
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Acareação no STF: tenente-coronel Mauro Cid confirma recebimento de dinheiro vivo

Na acareação realizada no STF, Mauro Cid reafirmou ter recebido dinheiro em uma 'caixa de vinho' do ex-ministro Braga Netto.

No último dia de acareação no Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid insistiu em sua versão de que recebeu uma quantia em dinheiro vivo, que estava acondicionada em uma “caixa de vinho” fechada, das mãos do ex-ministro e general Braga Netto. Cid, que é delator, alegou que o general o teria informado que a quantia era referente a um pedido que ele havia feito anteriormente. A defesa de Cid sustenta que o depoimento é consistente e que ele não apresentou contradições durante a audiência.

A defesa de Braga Netto contesta as acusações

Por outro lado, a defesa de Braga Netto refutou as declarações de Cid, afirmando que o tenente-coronel estava “mentindo” durante sua fala no STF. O advogado de Braga Netto, José Luis de Oliveira, conhecido como Juca, ressaltou que o general teria chamado Cid de mentiroso em duas ocasiões durante a acareação. Segundo Juca, Cid foi visto com a cabeça baixa e não se defendeu adequadamente quando teve a oportunidade de falar, contradizendo sua versão anterior.

A advogada Vânia Bitencourt, que representa Cid, contestou as afirmações de Juca e afirmou que o tenente-coronel manteve a coerência em seus relatos, apesar de várias tentativas de descreditá-lo. Ela observou que estava ao lado de Cid e não o viu em uma posição de constrangimento como foi relatado. Para sua defesa, o fato de Cid não ter alterado sua versão é uma prova de sua honestidade.

Provas e solicitações pela defesa de Cid

A defesa de Mauro Cid anunciou que irá solicitar ao STF as imagens das câmeras de segurança do Palácio da Alvorada e a lista de entrada e saída do local. Essas evidências são parte de uma estratégia para corroborar a narrativa de Cid sobre o recebimento e entrega do dinheiro, que, segundo ele, ocorreu na residência oficial do presidente da República.

No relato de Cid, após receber a ‘caixa de vinho’ de Braga Netto, ele alegou ter deixado o objeto embaixo da sua mesa na sala da ajudância de ordens e, posteriormente, afirmou que entregou o dinheiro ao major Rafael de Oliveira, outro nome mencionado nas investigações relacionadas ao caso de suposto golpe. Embora Cid não tenha conseguido precisar o local exato da transação, afirmou que tudo ocorreu nas dependências do Palácio da Alvorada.

Contradições quanto a reuniões e planos

Outro aspecto importante discutido durante a acareação foram as divergências sobre uma reunião ocorrida na casa de Braga Netto no final de 2022. Enquanto Cid afirmou que saiu do encontro antes de sua conclusão, Braga Netto indicou que todos os presentes, incluindo Cid e dois ‘militares de Forças Especiais do Exército’, deixaram seu apartamento juntos. Essa reunião é considerada pela Polícia Federal como parte de um suposto plano para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A investigação aponta que foi durante essa reunião que o esquema para levantar o dinheiro discutido posteriormente e entregue a Mauro Cid foi montado. A gravidade das acusações e a falta de consenso entre os depoentes tornam esta situação ainda mais intricada e transparecem a urgência de se esclarecer os fatos.

Futuras acareações e encaminhamentos no processo

A acareação envolvendo Cid e Braga Netto concluiu-se após quase duas horas de testemunhos, mediada pelo ministro Alexandre de Moraes, que é o relator do caso, e contou com a presença do ministro Luiz Fux e do procurador-geral da República, Paulo Gonet. Ao final dessa etapa, outras acareações foram agendadas, incluindo um confronto com o ex-ministro Anderson Torres e o ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes.

Esses depoimentos são essenciais para elucidar as contradições nos relatos apresentados tanto por réus quanto por testemunhas. Importante ressaltar que, enquanto todas as audiências estão sendo realizadas, não há gravações disponíveis, o que eleva a relevância dos registros feitos durante os encontros presenciais.

Com o desenrolar das investigações e novas acareações, o Brasil aguarda com expectativa os desdobramentos desse caso que envolve figuras altas da política e que levanta questões sobre a integridade das instituições democráticas do país.

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