Na manhã desta terça-feira, uma acareação no Supremo Tribunal Federal (STF) entre o tenente-coronel Mauro Cid e o ex-ministro Walter Braga Netto levantou novos detalhes sobre uma série de divergências entre os dois. O foco das discussões estava em uma reunião cujo ocorrido e objetivos são contestados e na alegação de entrega de dinheiro, que, segundo Cid, teria ocorrido em uma sacola de vinho.
Cenário da Acareação e os principais pontos abordados
A acareação, realizada de maneira fechada, resultou em uma ata divulgadora dos principais pontos discutidos. Entre as questões esclarecidas, destaca-se a reunião em Brasília, na casa de Walter Braga Netto, que ocorreu em novembro de 2022. Cid detém uma versão sobre a presença de dois coronéis, Rafael Martins de Oliveira e Hélio Ferreira Lima, os quais, segundo ele, foram ao encontro para falar sobre a insatisfação com os resultados eleitorais. No entanto, Braga Netto contestou essa informação, alegando que os militares apenas o visitaram para cumprimentos.
Versões conflitantes sobre a reunião
A ata da acareação registra que Cid reafirmou sua crença de que os coronéis estavam ali para tratar de um descontentamento eleitoral, uma ideia firmemente negada por Braga Netto. O ex-ministro descreveu a reunião como um mero cumprimento amigável, uma narrativa que parece mais consistente com o que ele quer transmitir.
Além disso, Cid alegou que se retirou do encontro antes do final para auxiliar o então presidente Jair Bolsonaro em outra reunião, enquanto Braga Netto sustenta que os três militares deixaram seu apartamento juntos. A contraditória situação gerou um impasse sobre o que realmente ocorreu naquelas horas no apartamento do ex-ministro.
Cid e a alegação da entrega de dinheiro
Outro ponto controverso é a alegação de que Braga Netto teria entregado uma quantia de dinheiro a Cid disfarçada em uma sacola de vinho, após uma negativa de um tesoureiro do PL sobre recursos. Braga Netto admite a discussão sobre dinheiro, mas sustenta que não houve qualquer entrega material, negando a acusação com veemência.
Locais da suposta entrega e reações na acareação
Durante o questionamento, Cid foi incapaz de declarar com precisão onde a entrega teria ocorrido, sugerindo três locais possíveis dentro do Palácio da Alvorada. Ele menciona a garagem, o estacionamento e a sala da ajudância de ordens como os possíveis meios onde o dinheiro poderia ter sido transferido.
Surpreendentemente, Cid foi perguntado acerca da não menção desse episódio à Polícia Federal. Em sua defesa, ele argumentou que estava “em choque” no dia do depoimento, e que a prisão de colegas seus que ocorreu durante a Operação Contragolpe havia afetado seu estado emocional. Esse “choque” foi uma justificativa que ele apresentou para a falta de clareza em outros depoimentos.
Reflexões sobre a acareação e sua importância
Este evento reafirma a relevância dos depoimentos e do testemunho em casos de tal magnitude. As divergências apresentadas entre Cid e Braga Netto mostram como as narrativas podem se chocar em contextos políticos ainda confusos e emocionalmente carregados.
Além disso, a acareação não apenas ilumina questões específicas quanto à política brasileira, mas também amplia a discussão sobre a relação entre justiça e política, especialmente em tempos onde a desconfiança nas instituições se faz notar. A continuidade das investigações e o encaminhamento adequado dessas informações serão fundamentais para a compreensão e a eventual resposta à questão mais ampla do que ocorreu nos últimos tempos no Brasil.
Esta acareação é uma peça chave em um quebra-cabeça muito maior e, à medida que mais informações surgem, a sociedade brasileira aguarda respostas e explicações claras sobre esses eventos que envolvem figuras de destaque da política nacional.
