Na tarde desta terça-feira, 24 de junho de 2025, o Supremo Tribunal Federal (STF) realizou acareação entre Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, a respeito da suposta trama golpista. Os depoimentos visam esclarecer contradições entre os relatos de diferentes envolvidos no caso. As sessões não serão gravadas, mas as atas serão divulgadas posteriormente.
Objetivo das acariações
As acareações foram solicitadas pelas defesas de Braga Netto e Anderson Torres e têm como intuito esclarecer divergências nos relatos que envolvem reuniões ocorridas no Palácio da Alvorada, onde, segundo Freire Gomes, foram discutidas medidas excepcionais em relação à eleição de 2022. Ele afirma que Torres participou de uma ou duas dessas reuniões, onde o então presidente Jair Bolsonaro expôs suas intenções, o que é negado por Torres, que refuta sua presença no local no mesmo momento.
Pontos controversos em debate
Um dos pontos cruciais em discussão é um documento encontrado na residência de Torres, que previa a decretação de um estado de defesa. Em seu depoimento à Polícia Federal, Freire Gomes disse que o conteúdo desse documento foi debatido em uma das reuniões com os comandantes militares. Contudo, em sua acareação no STF, ele afirmou que a discussão foi “semelhante”, o que ainda levanta incertezas sobre a veracidade dos relatos.
A resposta de Anderson Torres
Torres rebate as afirmações de Freire Gomes, destacando que os registros de entrada do Palácio da Alvorada não comprovam que os dois estiveram presentes ao mesmo tempo nas reuniões reivindicadas. Segundo seus advogados, a defesa de Braga Netto deverá explorar, entre outras, a contradição referente a uma reunião em sua casa, onde o tenente-coronel Cid alegou que houve insatisfação com o resultado das eleições e a condução do tema pelas Forças Armadas.
Desdobramentos na acareação
A primeira acareação desta terça envolveu Walter Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid, que teve suas divergências ressaltadas ao STF. Cid afirma que Braga Netto teria sido responsável por entregar uma quantia em dinheiro, supostamente ligada ao plano golpista, o que é negado pelo ex-ministro. A acareação deve ainda esclarecer se a entrega ocorreu em uma sacola de vinho ou uma caixa, dando a entender a confusão na história que vem sendo contada.
Condução das audiências
As acareações ocorrem em um ambiente reservado da sala de audiências do STF, sob a supervisão do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, com a presença do procurador-geral da República, Paulo Gonet. É fundamental lembrar que o Código de Processo Penal prevê a realização de acareações para resolver divergências em relatos que possam impactar significativamente o processo em andamento.
Comparação das experiências
Durante as acareações, ambos os lados tentam desvelar a verdade sobre os acontecimentos que se seguiram após as eleições de 2022 e as propostas de Bolsonaro para reverter o resultado. A participação de Cid como testemunha e a interação com outros oficiais que presenciaram as reuniões são elementos cruciais para entender a complexidade da trama golpista que vem sendo investigada pelo STF.
Por fim, a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro, embora incerta devido a um tratamento de pneumonia, é também um ponto de interesse. Tanto ele quanto os réus têm o direito de acompanhar as audiências, o que pode trazer mais luz sobre este caso intricado envolvendo figuras proeminentes da política e do Exército Brasileiro.
As subsequentemente agendadas acariações são esperadas para abordar, em maior detalhe, as interações dentro do contexto militar e político pós-eleitoral. Está claro que a busca pela verdade sobre os eventos que eventualmente culminaram nas investigações em curso será um desafio não apenas para os envolvidos, mas também para o sistema judicial brasileiro.