O cardeal Dominique Mathieu, arcebispo de Teerã-Ispahan dos Latinos, compartilha com o Asianews seu segundo relato de seu “diário de guerra”. A tensão na região aumenta com a recente entrada dos Estados Unidos no conflito, e a sequência de ataques e contra-ataques inspira um forte temor entre a população. O cardeal destaca que as circunstâncias trazem à tona a possibilidade de que “não há mais limites, que tudo é possível e justificável”. Em meio a tudo isso, ele enfatiza a presença eterna de Jesus, que acalma a tempestade evidenciada nas crises humanas, representando a esperança que ainda existe no coração dos que o seguem.
A realidade do conflito no Irã
No décimo primeiro dia da guerra, o cardeal descreve suas experiências diárias sob a sombra do conflito. Ele inicia o dia acordando com o intenso barulho de aviões de combate e drones, acompanhados pelas explosões da defesa aérea. Mesmo em meio a essa rotina, as pessoas tentam se adaptar, mas a incerteza e o medo dominam cada dia.
Ao sair para observar a cidade, o cardeal testemunha a desolação: ruas desertas, lojas fechadas, exceto por algumas padarias e armazéns que permanecem abertos, vendendo produtos que a cada dia ficam mais caros. As condições de vida deterioram-se rapidamente, gerando um forte senso de vulnerabilidade entre os habitantes.
Reflexões espirituais em tempos de crise
Mathieu não apenas relata os fatos, mas também reflete sobre o impacto psicológico que essa situação provoca. Ele menciona o estado mental das pessoas, comparando-as aos discípulos que se sentem à deriva em meio à tempestade, questionando a presença de Deus em tempos difíceis. “Por que parece que Jesus está ausente quando mais precisamos dele?” — esta pergunta ecoa no coração dos que buscam segurança em sua fé.
De acordo com o cardeal, a eucaristia se torna um símbolo de fé, um lembrete de que, mesmo nos piores momentos, Jesus está presente e continua a acalmar as tempestades de nossas vidas. Ele exorta a necessidade de manter uma conexão estável com Deus, através da oração, como forma de enfrentar os medos que nos cercam.
A busca pela paz genuína
O arcebispo também comenta sobre a escalada do conflito. As circunstâncias atuais, repletas de ataques e alianças incertas, trazem um desespero crescente, levando à crença de que guerras podem, de alguma forma, trazer paz. No entanto, ele argumenta que a verdadeira paz não pode ser alcançada através do medo e do silêncio, mas sim pela justiça e reconciliação.
“Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” — com esta citação, Mathieu nos lembra que a paz verdadeira é fruto do amor e da misericórdia, e que é imperativo seguir o caminho da não-violência e do diálogo para resolver os conflitos.
O clamor pela paz
Com a continuação dos conflitos, o cardeal reitera a importância da diplomacia e do diálogo como caminhos para a paz. Ele menciona o apelo do Papa Leão XIV, que clama por um fim à violência e pela restauração da ordem através da diplomacia. A mensagem é clara: as armas devem silenciar-se para que a verdadeira resolução dos conflitos possa ocorrer.
As palavras de Dominique Mathieu ressoam como um chamado não apenas à reflexão, mas também à ação. Em tempos de guerra e incerteza, a oração e a busca pela paz parecem ser as únicas esperanças disponíveis para aqueles que buscam um futuro melhor. O cardeal, com suas observações profundas, destaca a necessidade de permanecer firme na fé e de trabalhar pela paz, mesmo quando tudo parece desmoronar ao nosso redor.
Em um mundo tão carregado de dificuldades, as lições extraídas das experiências de Mathieu são valiosas e urgentes. A necessidade de promover a paz, a justiça e a dignidade humana nunca foi tão premente. E assim, mesmo nas horas mais sombrias, a luz da esperança deve sempre brilhar.