Na manhã desta segunda-feira (22), o petróleo chegou a subir 5,7% na abertura dos negócios na Ásia, impulsionado por tensões geopolíticas entre Irã e Estados Unidos. O mercado reagiu às dúvidas sobre qual será a resposta do Irã aos bombardeios americanos, o que gerou volatilidade e preocupação com possíveis interrupções no tráfego pelo Estreito de Ormuz, uma das rotas mais estratégicas para o petróleo global.
Mercado de petróleo e contexto geopolítico
Segundo o jornal O Globo, o barril de Brent, referência mundial, chegou a ser negociado a US$ 81,40, o maior valor em cinco meses, antes de perder força. Atuando como baliza, o Brent fechou em alta de 0,71%, cotado a US$ 77,56 nesta segunda, enquanto o tipo Texas, nos Estados Unidos, avançou 0,72%, para US$ 74,37.
Embora o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, tenha afirmado que o país reserva todas as opções de resposta, ainda não há sinais claros de interrupção no fluxo de petróleo. Analistas avaliam que o cenário central aponta para uma manutenção do tráfego, mesmo com as tensões aumentando na região. Entenda como um Irã encurralado pode causar caos no comércio global de petróleo.
Reação do mercado e possíveis impactos
Além do petróleo, o dólar se valorizou 0,5% nesta manhã, enquanto os títulos do Tesouro dos EUA caíram. As bolsas de valores estão voláteis: na Europa, as principais bolsas oscilaram entre ligeiras altas e quedas, como Frankfurt (-0,33%) e Paris (-0,35%). Na Ásia, a maioria das bolsas fechou em alta, com exceção de Tóquio, que recuou 0,13%. Nos Estados Unidos, os contratos futuros de ações apresentaram estabilidade, com o S&P 500 em alta de 0,07%, Nasdaq +0,04% e Dow Jones caindo 0,03%.
Potencial impacto do conflito no preço do petróleo
O foco principal do mercado neste momento é a possibilidade de interrupções no tráfego pelo Estreito de Ormuz, cuja importância global como rota de petróleo e gás natural permanece crítica. Nos últimos dias, o Parlamento do Irã aprovou, em reação aos ataques americanos a instalações nucleares do país, o medida para fechar o estreito. Contudo, essa decisão ainda depende de aprovação do Conselho Supremo de Segurança Nacional e do líder supremo, aiatolá Khamenei, antes de entrar em vigor.
Segundo especialistas, a chance de fechamento total do estreito é considerada baixa neste momento, mas o cenário de incerteza pode perdurar por semanas. “O ponto-chave será se ocorrerá o fechamento efetivo, o que não é o nosso cenário central”, afirma Francisco Simon, chefe de estratégia para a Europa na Santander Asset Management. Ele acrescenta que uma eventual interrupção no canal de navegação poderia gerar um cenário de estagflação, com menor crescimento econômico e aumento da inflação, dificultando a atuação dos bancos centrais.
Analistas também alertam que uma escalada mais severa poderia limitar a capacidade de estímulo de políticas monetárias pelos governos, elevando ainda mais a volatilidade global. A reação moderada dos mercados até o momento reflete a preparação de investidores para um possível agravamento do conflito, embora o custo de uma crise mais profunda ainda possa ser significativo.
Para entender os efeitos de uma possível interrupção do Estreito de Ormuz, confira como o Irã pode fechar a passagem marítima mesmo em águas internacionais.
Fonte: O Globo