A ameaça do Irã de fechar o Estreito de Ormuz, uma das rotas marítimas mais estratégicas do mundo, voltou a gerar preocupação internacional nesta segunda-feira. A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, classificou a ação como “extremamente perigosa” e alertou que tal medida “não seria boa para ninguém”.
O que significa fechar o Estreito de Ormuz?
O Estreito de Ormuz conecta o Golfo Pérsico ao mar de Omã e ao oceano Índico, sendo passagem diária de cerca de 17 milhões de barris de petróleo, além de gás natural liquefeito do Catar. Parte do estreito está sob jurisdição do Irã e Omã, mas a faixa por onde passam os navios comerciais é considerada águas internacionais, conforme o direito marítimo da ONU. Ainda assim, a geografia e o poder militar iraniano tornam a possibilidade de bloqueio real uma ameaça concreta.
Como o Irã poderia tentar interromper o tráfego?
O Irã vem reforçando seu arsenal costeiro e desenvolvendo tecnologias assimétricas para dificultar a circulação naval na região. Uma tática possível seria o uso de minas navais, lançadas por submarinos, navios ou helicópteros, que podem causar sérios danos às embarcações que transitam pelos canais estreitos. Além disso, o país possui baterias móveis de mísseis antinavio, como o Noor e o Khalij Fars, capazes de atingir navios comerciais à queima-roupa.
O potencial de ataque do Irã não se limita a mísseis. A Guarda Revolucionária Iraniana mantém uma frota de lanchas rápidas e drones kamikazes, que podem cercar embarcações maiores e realizar ataques coordenados, dificultando a defesa dos navios na região. Durante escaladas recentes, navios ligados a Israel foram atingidos por drones e mísseis iranianos, demonstrando a capacidade de Teerã de exercer força além de suas fronteiras.
O impacto global de um bloqueio
A ameaça de fechar o Estreito de Ormuz causa impacto imediato nos mercados internacionais. A simples possibilidade de interrupção do tráfego provoca pânico nas bolsas de petróleo, levando a desvios de rotas, elevação nos preços dos seguros e aumento no preço do barril. Segundo especialistas, o trunfo mais perigoso do Irã não está apenas na força militar, mas na capacidade de manipular a psicologia do mercado mundial.
Para os Estados Unidos e o Reino Unido, a presença de patrulhas navais permanentes na região visa garantir a liberdade de navegação. Qualquer tentativa de bloquear o estreito pode resultar em resposta militar direta, o que elevaria ainda mais a tensão internacional.
Perspectivas futuras e riscos de conflito
Embora o fechamento total do estreito seja considerado arriscado, Teerã vem utilizando essa ameaça como uma carta política já há décadas. Diplomatas e economistas alertam que um erro de cálculo pode acender uma crise que afetaria a economia mundial, além de elevar o risco de conflito no Oriente Médio.
Mesmo com a complexidade geográfica e o mar territorial considerado internacional, a prática mostra que o Irã tem a capacidade de causar bloqueios seletivos e ameaçar a estabilidade da região, deixando claro que o risco de escalada permanece alto.
Para entender mais sobre o potencial impacto e as estratégias do Irã, leia o artigo completo “Estreito de Ormuz: como o Irã pode fechar a passagem marítima mesmo sendo em águas internacionais”.