O BNDESPar, braço de participações societárias do BNDES, anunciou um investimento de R$ 10 bilhões até o final de 2025 em ações de empresas, tanto diretamente quanto por meio de fundos de investimentos. A decisão marca a retomada de investimentos diretos em participações acionárias, após quase dez anos de foco em desinvestimentos, segundo o banco de fomento.
BNDES volta a apostar em participações acionárias
Conforme o comunicado oficial, os recursos serão divididos em duas partes iguais: R$ 5 bilhões para aportes diretos em empresas e R$ 5 bilhões aplicados via fundos de investimentos. A estratégia é voltada principalmente para companhias com projetos ligados à transição ecológica, descarbonização e inovação, integra a nova política de investimentos do banco.
A iniciativa visa fortalecer o papel do BNDES no desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro, alinhando-se a uma visão de longo prazo de recuperação econômica e sustentabilidade. O presidente do banco, Aloizio Mercadante, destacou que, após um período de foco em desinvestimentos, o banco retoma a missão de impulsionar o crescimento por meio de participações estratégicas.
Histórico e contexto das participações do BNDES
As operações de compra de participações do banco de fomento, como na gigante do setor de alimentos JBS, foram objeto de controvérsia nas gestões anteriores do PT. Essas operações geraram debates sobre o impacto na economia e na política industrial brasileira, além de investigações policiais que, no caso da JBS, acabaram sem implicações para o banco.
Hoje, a participação do BNDES na JBS é de 18%, após uma redução de sua fatia de 20,8% para 18,18%, com ganhos de cerca de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões entre março e maio deste ano, fruto de investimentos passados. Polêmicas à parte, essas operações fizeram parte de uma política de apoio a grandes empresas nacionais para competir internacionalmente.
Retorno à estratégia de investimentos
Os recentes movimentos do BNDES ocorrem após governos como os de Michel Temer e Jair Bolsonaro terem promovido a redução da influência do banco na economia, com vendas de participações na Vale e na Petrobras, por exemplo. Agora, sob o governo Lula, com uma nova abordagem, o banco prioriza investimentos em setores emergentes e sustentáveis.
Segundo Mercadante, “Após quase dez anos sem realizar novos investimentos diretos em renda variável e com foco em desinvestimentos, a retomada visa desenvolver o país com fortalecimento do mercado de capitais”.
Participações estratégicas e futuro
Além do aporte de R$ 10 bilhões, o banco já está focado em projetos voltados à inovação e sustentabilidade, alinhando as ações aos objetivos do Plano Nacional de Energia de baixa emissão e de crescimento sustentável. Representantes do setor esperam que esses investimentos contribuam para uma nova fase de crescimento econômico e inovação no Brasil.
Mais detalhes sobre a implementação da nova estratégia e os critérios para seleção das empresas serão divulgados em breve pelo banco.