A Marcha da Memória no Quénia, marcada para o próximo dia 25 de junho, traz à tona a necessidade urgente de diálogo e paz em um país marcado por tensões políticas e sociais. Bispos de diversas regiões, entre eles os arcebispos de Nyeri e Nairobi, apelam para a importância da salvaguarda da vida humana e a necessidade de ouvir as vozes da juventude, que se encontram em um ambiente de crescente descontentamento.
Apelo pela paz e diálogo
Dois dos principais líderes religiosos do Quénia, Dom Anthony Muheria, Arcebispo de Nyeri, e Dom Philip Arnold Subira Anyolo, Arcebispo de Nairobi, se manifestaram publicamente em prol do diálogo entre a juventude e o governo. O foco do apelo é garantir que futuras confrontações não resultem em mais perdas de vida. “Não importa quais sejam os seus objetivos, o objetivo mais urgente é proteger a vida, melhorar a vida dos pobres e ouvir uns aos outros”, afirmou Dom Muheria.
Os arcebispos expressaram suas preocupações em uma conferência de imprensa, onde convocaram o Presidente William Ruto a prestar atenção às inquietações dos jovens. Em um momento em que muitos jovens se sentem alheios às decisões governamentais, o apelo dos bispos busca criar um canal de comunicação que promova a compreensão e a coesão social.
A importância de ouvir os jovens
Os líderes católicos ressaltaram que a escuta ativa dos jovens é fundamental para a construção de um futuro mais justo e pacífico. Dom Anyolo, em suas declarações, enfatizou: “Não temos o direito, em nenhum momento, de tirar a vida a outra pessoa. Como católicos, acreditamos que a vida começa na concepção, e essa crença nos impele a cuidar também das mães que choram seus filhos nos tumultos.” Essa visão amplia a discussão sobre a vida e a dignidade humana, que deve ser respeitada em todas as suas formas.
Além disso, a mensagem dos arcebispos foi clara ao direcionar os jovens a moderarem suas posturas. “Um espírito de unidade” foi um dos pontos destacados, com o objetivo de que todos caminhem juntos, em busca de soluções que fortaleçam a nação.
Confrontos e busca por justiça
O cenário político no Quénia, que mantém uma forte polarização, é evidenciado por recentes eventos. Nos últimos dias, novas manifestações ocorreram em resposta à morte do blogueiro Albert Ojwang, dentro de uma cela de segurança. Este caso trouxe à tona novamente as demandas por transparência e justiça em relação às mortes ocorridas durante os protestos do ano anterior, que resultaram na morte de pelo menos 60 pessoas.
Os bispos, em sua mensagem, tocaram na importância de o governo priorizar a justiça para aqueles que perderam a vida e também para aqueles que estão se recuperando dos ferimentos sofridos. O clima de tensão é palpável entre a população, que busca respostas e ações concretas das autoridades.
Um chamado à responsabilidade dos líderes políticos
Os arcebispos de Nyeri e Nairobi também se dirigiram diretamente aos líderes políticos do país, advertindo-os sobre a responsabilidade que possuem em não alimentar divisões e violência através de discursos inflamados. A urgência de um diálogo construtivo entre as partes é constante, especialmente em um clima social tão delicado.
Como lembrado por Dom Anyolo, o hino nacional do Quénia convoca todos os cidadãos a “dialogar uns com os outros para vivermos juntos como uma só nação.” Essa mensagem ressoa não apenas entre os jovens, mas com toda a sociedade, que clama por um futuro marcado pela paz e pela justiça.
Enquanto se aproxima a data da marcha, a expectativa é de que os apelos à paz e ao diálogo sejam ouvidos por todos os setores da sociedade, promovendo um ambiente de reflexão e mudança, a fim de evitar que o passado se repita e que novas vítimas sejam contabilizadas.
O que restará é esperar que o legado das vítimas inspire não apenas luto, mas também um compromisso inabalável com a construção de um Quénia mais justo, onde cada voz seja ouvida, cada vida seja valorizada e cada sonho tenha espaço para florescer.
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