Brasil, 23 de junho de 2025
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Atraso no cadastro de trabalhadores rurais eleva risco de irregularidades na aposentadoria

Apesar da necessidade de cadastro oficial, alcance de cobertura de segurados especiais permanece aquém do esperado, aumentando riscos fiscais

O governo enfrenta dificuldades na implementação do cadastro obrigatório de trabalhadores rurais no CNIS, uma norma estabelecida pela Reforma da Previdência de 2019, que visa combater fraudes e melhorar a gestão dos benefícios rurais. Quase seis anos após a entrada em vigor, menos de 50% dos segurados especiais estão cadastrados, mantendo a concessão de aposentadorias por autodeclaração com verificação de documentos.

Cadastro de segurados rurais: atraso e consequência

Destinada a promover maior controle e evitar fraudes, a regra estipulava que, ao atingir 50% de cobertura, a aposentadoria rural só seria concedida mediante cadastro atualizado, com informações do IBGE. Contudo, esse marco ainda não foi atingido, levando à continuidade do processo de concessão baseada na autodeclaração e na análise documental dos beneficiários.

Problemas na implementação e riscos fiscais

A responsabilidade pela implementação do cadastro oficial é da Dataprev, estatal responsável pelo processamento de benefícios previdenciários. A entidade afirmou que a decisão de avançar no projeto cabe ao Ministério da Previdência, que, até o momento, informou que o cadastro está em fase de implementação e não revelou dados sobre a quantidade de trabalhadores rurais inscritos.

Fraudes e concessões irregulares

Especialistas alertam que a utilização do cadastro oficial é fundamental para reduzir fraudes, como o uso de atestados médicos digitais para obtenção automática de auxílio-doença, prática que passou a ser monitorada mais restritamente apenas em 2023. Ainda assim, as concessões de aposentadorias rurais aumentaram de 294.847 em 2019 para 412.776 em 2024 — um crescimento de 53,43% no período, mesmo com a queda na população rural.

Impactos e desafios futuros

Segundo o estudo de Rogério Nagamine, entre 2022 e 2024 as aposentadorias rurais se estabilizaram em cerca de 400 mil por ano, nível não visto desde 1994. Essa explosão contrasta com a redução do número de trabalhadores na agricultura, que caiu 3,2% em 2024, segundo o IBGE, refletindo possíveis irregularidades e a fragilidade do controle fiscal.

O especialista destaca que o rombo decorrente de benefícios concedidos irregularmente se soma ao aumento dos gastos previdenciários, que atingiram R$ 938,5 bilhões em 2024 — quase 43% do orçamento federal. A alta nos custos impacta outros setores essenciais, como investimentos públicos.

Perspectivas e recomendações

Para experts, a demora na implementação do cadastro aumenta o risco de beneficiários indevidos, alimentando fraudes e prejuízos ao erário. Além disso, há preocupações quanto ao envelhecimento da população rural e à redução da força de trabalho, o que reforça a necessidade de controle mais eficiente sobre as concessões.

Segundo o diretor do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), Paulo Tafner, as decisões judiciais que dificultam o controle rígido e o prolongamento de concessões também contribuem para a situação. “O Judiciário vem extrapolando seus limites ao interferir em questões de gerenciamento do benefício”, afirmou.

Enquanto o governo não conclui a implementação plena do cadastro, as fraudes e irregularidades no âmbito das aposentadorias rurais permanecem uma preocupação constante, potencializando riscos fiscais e prejudicando a sustentabilidade do sistema previdenciário.

Para mais informações, acesse o artigo completo.

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