Odorico Reis, de Goiás, e Ivan Rangel, de Minas Gerais, cresceram negando a sua sexualidade devido ao preconceito no meio rural. Hoje, eles usam suas plataformas para mostrar que é possível ser gay e atuar no campo.
O desafio de ser gay na roça
Odorico Reis, influenciador conhecido como “agrogay”, conta que foi alvo de agressões por parte da família por causa de sua orientação sexual. O próprio pai, acreditando em valores tradicionais, o benzia diariamente para “tirar o espírito mal” que, segundo ele, estaria relacionado à sua sexualidade.
Já Ivan Rangel, que também se identifica como agrogay, relata que, até os 19 anos, tentou se encaixar no padrão tradicional da vida rural, vivendo relacionamentos com mulheres contra sua vontade. Hoje, trabalha na fazenda dos pais e busca desconstruir o preconceito dentro do meio rural.
Transformando o olhar do campo para o público LGBTQ+
Odorico e seu ativismo nas redes sociais
Com mais de 600 mil seguidores no Instagram, Odorico utiliza seu perfil para desafiar os estereótipos e mostrar que a vida no campo também pode acolher o diversidade. Ele costuma aparecer com chapéu rosa, narra rodeios, tira leite e interage com celebridades, fortalecendo a mensagem de que ser gay não atrapalha sua conexão com o agro.
“A ideia é quebrar o preconceito e mostrar que é possível ser quem se é, sem medo”, afirma Odorico, que também foi vereador entre 2017 e 2020. Para ele, a própria família passou por uma mudança de postura após a influência de figuras religiosas que defendem a diversidade.
Ivan e os obstáculos na rotina rural
Ivan Rangel, com quase 180 mil seguidores na sua rede social, revela que, mesmo sem sofrer agressões físicas em sua cidade, enfrenta o preconceito velado: não é convidado para eventos tradicionais, como cavalgadas, por ser considerado diferente pelos moradores.
Ele usa humor e mensagens de acolhimento para lidar com as ameaças recebidas online, além de incentivar outras pessoas na mesma situação a se aceitarem.
Representatividade e resistência no campo
Os dois influenciadores representam uma nova realidade no meio rural, onde a presença de mulheres e LGBT ainda sofre resistência. Apesar dos desafios, Odorico e Ivan mostram que é possível conquistar espaço e promover o respeito.
As histórias deles reforçam a importância de ampliar o diálogo sobre diversidade no campo, contribuindo para reduzir o isolamento e diminuir o preconceito estrutural que ainda persiste na agropecuária brasileira.