Brasil, 23 de junho de 2025
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A mineração urbana: uma alternativa sustentável para o descarte de resíduos

A mineração urbana surge como uma solução inovadora para o descarte de lixo eletrônico, promovendo a economia circular no Brasil.

A palavra “mineração” frequentemente evoca imagens de grandes operações, caminhões e homens em atividades sob a proteção de equipamentos adequados. No entanto, uma nova abordagem tem ganhado destaque: a mineração urbana. Esta prática, que se distoa da mineração tradicional, propõe a recuperação de recursos a partir de materiais descartados nas cidades, contribuindo para uma economia mais sustentável.

O que é a mineração urbana?

Enquanto a mineração convencional busca extrair novas matérias-primas do meio ambiente, a mineração urbana foca na recuperação de materiais já explorados, operando na lógica da economia circular. Isso envolve a reciclagem de diversos materiais, como plásticos, vidros e metais preciosos, que são reutilizados na indústria. Por exemplo, resíduos eletrônicos tais como celulares, laptops e pilhas são transformados em novas matérias-primas, evitando a extração de recursos naturais finitos.

Ademir Brescansin, gerente executivo da Green Eletron, uma organização sem fins lucrativos dedicada à reciclagem, enfatiza: “A mineração urbana é um processo fundamental para transformar resíduos eletroeletrônicos em novas matérias-primas, evitando a necessidade de extrair recursos naturais finitos.” Essa visão integra a prática de reciclar e reaproveitar, essencial para um futuro mais sustentável.

Por que a mineração urbana é vital?

Além de reduzir a dependência da mineração convencional, a mineração urbana também contribui para a proteção do meio ambiente. Materiais recuperados, que poderiam ser enviados a lixões, são recuperados, evitando a contaminação do solo e da água, além de proteger a saúde da população e a biodiversidade local. Segundo Brescansin, a Green Eletron opera em todo o Brasil, com mais de 10 mil pontos de coleta, onde já foram destinadas corretamente mais de 20 mil toneladas de resíduos.

Infelizmente, a coleta de residuais ainda enfrenta desafios. Dados do “Panorama dos Resíduos Sólidos de 2024” revelam que apenas 8% dos resíduos sólidos urbanos no Brasil são reciclados. No campo eletrônico, reportagens sugerem que, em 2019, o Brasil descartou mais de dois milhões de toneladas de lixo eletrônico, com menos de 3% sendo reciclados.

A Política de Logística Reversa

Desde 2018, o Brasil conta com o Acordo Setorial de Logística Reversa de Eletroeletrônicos, que determina que empresas do setor devem coletar uma porcentagem dos produtos que lançam no mercado. Em 2024, a meta estabelecida é que as empresas recolham 17% do material que colocaram em circulação.

Uma das iniciativas mais relevantes do setor é a abertura da maior planta de mineração urbana da América Latina, prevista para o final de 2024 em São José dos Campos, no interior de São Paulo. Com um investimento de R$ 100 milhões, a planta será capaz de processar até 80 mil toneladas de resíduos por ano, sinalizando um grande avanço no gerenciamento de resíduos eletrônicos no Brasil.

Desafios e perspectivas para a mineração urbana

Embora as perspectivas para a mineração urbana sejam promissoras, com mais de 7.300 toneladas de eletroeletrônicos coletadas em 2024, ainda existem obstáculos a serem superados, como a adesão das empresas à logística reversa. Uma pesquisa revelou que 85% dos brasileiros ainda guardam seus resíduos eletrônicos em casa, o que retrata uma cultura de armazenamento que precisa ser mudada.

“As perspectivas para a mineração urbana no Brasil são extremamente promissoras. Temos percebido um avanço consistente, porém, ainda enfrentamos desafios, como a adesão plena das empresas à logística reversa e a superação da cultura de armazenamento doméstico”, conclui Brescansin.

A mineração urbana, ao ressignificar o descarte de resíduos, representa uma estratégia valiosa para integrar sustentabilidade às práticas urbanas. Ao promover a recuperação de materiais e reduzir os impactos ambientais associados ao descarte inadequado, essa prática não só contribui para um futuro mais limpo e saudável, mas também para a construção de uma sociedade mais consciente e responsável com o meio ambiente.

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