No sábado, a administração Trump realizou um desfile militar para celebrar os 250 anos do Exército dos EUA, evento que coincidiu com o 79º aniversário de Donald Trump. A cerimônia contou com 6.600 tropas, 150 veículos militares e mais de 50 aeronaves, com custos estimados entre US$ 25 milhões e US$ 45 milhões. Enquanto isso, críticas e protestos se espalharam, refletindo divisões profundas em relação ao evento. Para compreender a repercussão entre quem serve às forças armadas, buscamos opiniões de militares ativos e veteranos, que não hesitaram em expressar suas opiniões de forma franca e muitas vezes contundente.
Reações de veteranos e soldados ativos ao desfile de Trump
De ex-militares a membros em serviço atualmente, o consenso é de revolta, vergonha e desaprovação ao evento promovido pelo ex-presidente. Alguns consideraram o desfile uma exibição de vaidade e desperdício de recursos públicos.
Críticas mordazes à gestão presidencial
“Trump é a maior ameaça que nosso país já enfrentou”, afirmou um ex-sargento do Exército, que serviu entre 1982 e 1986. Outro veterano, um fuzileiro naval de 2007 a 2016, disse: “Foi uma vergonha que Trump usou o exército para impulsionar seu ego. Uma pessoa que nunca ajudou ninguém perdeu milhões de dólares criando essa parada.”
Um veterano com deficiência, atuando na assistência a veteranos sem-teto, classificou o evento como “um vexame, uma total perda de dinheiro e respeito”. Além disso, mencionou sua linha de sangue militar, com familiares nas quatro forças, e considerou que o desfile foi uma “desgraça” e um insulto à história e ao sacrifício dos militares.
Reflexões de oficiais aposentados
Um sargento de 20 anos de serviço, aposentado, criticou fortemente: “Este desfile nunca deveria ter acontecido. É um show de vaidade de Trump. Não somos Coreia do Norte, China ou Rússia. Nosso país realiza desfiles apenas após grandes vitórias, não por capricho de um ‘líder’.”
Outro veterano da Marinha, com 25 anos de experiência, afirmou estar chocado e enojado com o uso de dinheiro dos contribuintes para uma exibição de egocentrismo. “Cadê o resto do governo?” questionou.
Desrespeito às tradições e ao sacrifício
Vários comentaram que marchar ou participar de paradas militares, no contexto de celebrações reais, tem um significado que foi ignorado na ocasião. “Era uma oportunidade única de celebração, mas foi poluída por motivos políticos”, comentou um veterano do Exército, que serviu na Guerra do Vietnã.
Para outros, o evento evidenciou a depreciação do valor do serviço militar. “Se fosse realmente ‘sobre os soldados’, as comemorações seriam na data do aniversário do Corpo de Fuzileiros Navais, em novembro”, disse um veterano da Marinha. “Tudo foi mais um espetáculo de vaidade de Trump.”.
Percepções sobre o uso político do evento
Vários militares condenaram o uso do desfile como ferramenta de autopromoção. “Foi uma tentativa de aumentar o ego de um mandatário que nunca colaborou de verdade com o exército, um milionário que nunca mostrou respeito pelos que serviram”, afirmou uma veterana da Força Aérea com 22 anos de serviço.
Mais de uma fonte destacou o quanto o gasto milionário foi visto como desperdício, especialmente considerando-se questões importantes como moradia, melhorias na infraestrutura militar e assistência aos veteranos. “Milhares de veteranos enfrentam dificuldades, como a falta de recursos no VA, enquanto esse espetáculo caro e vazios de significado ocorre para agradar um presidente egoísta”, apontou uma ex-soldada da Marinha.
Impacto na moral e na reputação das Forças Armadas
Para muitos, o desfile revelou a desconexão entre o comando político e os valores militares tradicionais. “Mostra uma falta de respeito e compreensão sobre o verdadeiro espírito do serviço militar”, declarou uma veterana, que serviu na Guerra do Golfo. Ela acrescentou que eventos assim tornam as Forças Armadas vistas como um palco de egocentrismo, e não como uma instituição de defesa e tradição.
Por fim, várias opiniões apontaram que, independentemente de preferências políticas, os militares merecem respeito e reconhecimento genuíno, e não eventos propagandísticos que tratam o serviço com superficialidade ou como instrumento de vaidade pessoal.
Perspectivas futuras e reflexões
As opiniões divergentes revelam uma divisão clara na comunidade militar americana. Enquanto alguns acreditam que este tipo de celebração pode fortalecer o espírito nacional e reconhecer o esforço de suas forças, outros veem como uma afronta ao verdadeiro valor do serviço militar e uma afronta à história dos Estados Unidos.
Por ora, o episódio reforça a necessidade de debates sobre o uso de recursos públicos em homenagens militares e o respeito aos veteranos — essências para a identidade das forças armadas do país.
