Os ataques dos Estados Unidos às três principais instalações nucleares do Irã ocorrem em um momento delicado para a economia global, responsável por rebaixar previsões de crescimento nas últimas semanas. Analistas alertam que uma escalada do conflito pode elevar os preços do petróleo e afetar a inflação mundial, dificultando a retomada do crescimento.
Impactos econômicos e possíveis desfechos do conflito no Oriente Médio
Veremos como Teerã responderá, mas o ataque provavelmente colocará o conflito em um caminho de escalada, alertam especialistas da Bloomberg Economics. Para a economia global, um conflito ampliado aumenta o risco de preços mais altos do petróleo e de uma inflação acelerada, o que pode levar os bancos centrais a manterem juros elevados por mais tempo.
Cenários de possíveis acontecimentos após o ataque
No cenário extremo, o fechamento do Estreito de Ormuz, uma rota estratégica pelo qual passa cerca de 20% do petróleo mundial, poderia fazer o barril ultrapassar US$ 130, estima a análise dos analistas Ziad Daoud, Tom Orlik e Jennifer Welch. Caso isso aconteça, a inflação nos Estados Unidos pode subir para perto de 4% neste verão no hemisfério norte, levando o Federal Reserve (Fed) a adiar cortes nas taxas de juros.
Repercussões globais nos mercados de energia e estratégias dos investidores
Após o ataque, derivativos que permitem especulações sobre oscilações de preço do petróleo subiram 8,8% no IG Weekend Markets. Segundo Tony Sycamore, estrategista do IG, os futuros do petróleo WTI podem abrir a semana em torno de US$ 80 por barril, caso a tendência se mantenha.
Respostas possíveis do Irã
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, afirmou que os ataques americanos são “ultrajantes e terão consequências duradouras”, reforçando a intenção de o país defender sua soberania. Segundo a Bloomberg Economics, o Irã pode responder de três formas: ataques a ativos dos EUA na região, fechamento do Estreito de Ormuz com minas ou hostilização de navios que transitem por lá.
Consequências para a economia dos Estados Unidos, China e mercado de gás natural
Apesar de os EUA serem exportadores líquidos de petróleo, preços mais altos agravariam desafios econômicos internos, incluindo a redução do crescimento de 1,7% para 1,4%, conforme projeções do Fed. A China, maior compradora do petróleo iraniano, também sofreria impacto, apesar de possuir estoques que poderiam ajudar a aliviar a situação.
Interrupções no transporte pelo Estreito de Ormuz afetariam ainda o mercado de gás natural liquefeito (GNL), especialmente devido à dependência do Catar, que registra cerca de 20% do comércio global de GNL e usa essa rota para exportações, sem alternativa de passagem, segundo a Bloomberg Economics.
Medidas de contenção e perspectivas futuras
Embora haja preocupações com o aumento dos preços de energia, membros da OPEP+, incluindo Arábia Saudita, possuem capacidade ociosa que pode ser ativada para equilibrar o mercado, além da possibilidade de a Agência Internacional de Energia (AIE) liberar estoques de emergência. ‘As tensões no Oriente Médio representam mais um choque adverso para uma economia global já enfraquecida’, comenta Ben May, da Oxford Economics, destacando o impacto que o aumento do petróleo pode ter na inflação e na política de juros internacionais.
O futuro do conflito depende das respostas do Irã e da comunidade internacional, e a situação continua a ser monitorsada pelos mercados financeiros de todo o mundo.
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