A produção de etanol de milho no Brasil alcançou 8,2 bilhões de litros na safra 2024/2025, um aumento de 31% em relação ao período anterior, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Única). A expectativa é que, em 2025, o milho represente mais de 25% do total de etanol produzido no país, que deverá atingir 37,3 bilhões de litros, conforme dados da União Nacional do Etanol de Milho (Unem). O crescimento do setor acompanha um modelo de negócios cada vez mais consolidado, impulsionado por tecnologia de origem americana e investimentos de R$ 40 bilhões nos próximos anos.
Avanço acelerado do etanol de milho no Brasil
Segundo especialistas e executivos do setor, o progresso do etanol de milho é resultado de uma oferta abundante do grão, que passa por uma tecnologia industrial bem estabelecida na agricultura americana. Nos Estados Unidos, maior produtor de etanol mundial, o milho é principal matéria-prima. O Brasil vem se aproximando dessa liderança, com a produção de etanol de milho multiplicando por dez nos últimos dez anos, impulsionada pelo sucesso do modelo de cultivo da soja aliado à segunda safra de milho, conhecida como ‘safrinha’.
“A maior disponibilidade de milho facilita a ampliação da produção de etanol, que hoje conta com 25 usinas no país e está em planos de construção de outros 16 projetos”, explica Guilherme Nolasco, presidente da Unem. Entre as unidades já operando, destaca-se a FS, que desde 2017 produz 2,4 bilhões de litros de etanol anual, com receita de R$ 10,7 bilhões em 12 meses.
Investimentos e expansão do setor
Para os próximos anos, estão previstos R$ 40 bilhões em investimentos, incluindo R$ 15 bilhões destinados à ampliação da capacidade de produção em 5 bilhões de litros por ano. Além da maior oferta, a infraestrutura de armazenamento e logística também necessita de melhorias, o que justifica os investimentos estimados por Guilherme Nolasco, presidente da Unem.
A maior parte dos recursos deve vir de financiamentos e incentivos, como a redução de custos tributários e linhas de crédito acessíveis. A companhia americana Summit AG, que controla a FS, exemplifica o interesse estrangeiro na produção de etanol de milho no Brasil, motivado pelo milho mais barato em Mato Grosso e pela potencial exportação, especialmente para a China, que abriu seu mercado.
Projeções e impacto ambiental
Segundo a Unem, a produção de milho para etanol deve chegar a 10 bilhões de litros em 2025, consolidando o papel do grão na matriz energética brasileira. Essa expansão é vista com otimismo também devido ao menor impacto ambiental do etanol de milho, que emite menos carbono e não compete com a produção de alimentos, além de gerar subprodutos que podem ser utilizados como ração animal e exportados.
Especialistas ressaltam que o setor do etanol de milho contribui para a diversificação da produção e maior resiliência da oferta de combustíveis, espalhando a produção pelo país e reduzindo a vulnerabilidade às mudanças climáticas, além de apoiar a transição para uma economia de baixo carbono.
Desafios e perspectivas futuras
Apesar do otimismo, investidores pontuam que a questão tributária ainda representa um desafio relevante, podendo frear o ritmo de investimentos. Fernando Alfini, vice-presidente da Inpasa, afirma que a insegurança fiscal e regulatória precisa ser aprimorada para garantir o crescimento sustentado do setor.
Com a ampliação das usinas e a entrada de novos players, o etanol de milho deve consolidar-se como uma alternativa estratégica, apoiada por inovação tecnológica, maior produção e preocupação ambiental. Assim, o Brasil avança na sua transição energética, fortalecendo o papel do milho como uma das principais matérias-primas do bioeconomia nacional.
Fonte: O Globo
(tags: etanol, milho, bioenergia, setor agrícola, investimentos)