Brasil, 22 de junho de 2025
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PL Mulher se torna plataforma para esposas de políticos visando 2026

Estratégia do PL Mulher ganha impulso com parentes de políticos se preparando para eleições de 2026.

Nos últimos dois anos, o PL Mulher, sob a liderança da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, tem fortalecido sua presença política ao empossar parentes de políticos em direções estaduais e municipais. Um levantamento realizado pelo GLOBO revelou que ao menos dez líderes do PL Mulher estão casadas ou possuem vínculos familiares com políticos do partido. Essa estratégia visa proporcionar visibilidade para essas novas lideranças que se preparam para as eleições de 2026, mesmo enfrentando a inexperiência em funções públicas.

A ascensão das mulheres no PL Mulher

Dentre as novas lideranças, destaca-se Dana Vidal Costa, esposa do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, que lidera o PL Mulher em Mogi das Cruzes (SP). Ela afirma que, embora esteja no cargo, não recebe remuneração do partido e tem se dedicado a entender as necessidades das mulheres da sua região, preparando-as para participar das próximas eleições. Dana se inspira na trajetória de Michelle, que adquiriu relevância política ao ocupar um cargo que a conectou diretamente com o público feminino.

“Foi no PL Mulher que realmente mergulhei no trabalho. Desde que tomei posse, tenho atendido mulheres para entender as demandas da minha região e capacitá-las visando a participação nos próximos pleitos”, afirma Dana.

Elas se preparam para 2026

Michelle Bolsonaro, por sua vez, já está cotada para assumir a candidatura presidencial em 2026, após a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, devido a condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O papel dela no PL Mulher se fortaleceu à medida que a ex-primeira-dama buscou consolidar sua figura como uma liderança política, uma estratégia que começou a ser delineada durante a campanha presidencial de 2022, onde ela trabalhava para diminuir a rejeição entre eleitores femininos ao seu marido.

Enquanto isso, Lays Jordy, a atual presidente do PL Mulher em Niterói, enxerga sua posição como uma oportunidade para entrar no jogo político. Ela é casada com o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) e planeja se candidatar a deputada estadual no Rio de Janeiro em 2026. “Através do diretório, acabamos fazendo ações que nos impulsionam como casal”, diz Lays, refletindo sobre como seu trabalho pode impactar a imagem política do marido.

Uma estratégia cogitada?

O cenário político atual revela a baixa representatividade feminina, com apenas 18% das cadeiras da Câmara dos Deputados ocupadas por mulheres em 2024. O cientista político Antonio Lavareda destaca que iniciativas como o PL Mulher buscam suprir essa lacuna, mas sem romper com o modelo político tradicional. “Fica fácil para os políticos que têm liderança e contingente eleitoral transferir os apoios de que desfrutam”, comenta Lavareda.

No Espírito Santo, as filhas do senador Magno Malta (PL-ES) também têm se destacado no PL Mulher. Enquanto Karla Malta tem uma postura mais cautelosa e não planeja candidaturas, sua irmã, Maguinha, ambiciona uma cadeira no Senado, buscando atuar de forma conjunta com o pai, que ainda cumprirá seu mandato até 2030. “Acredito no protagonismo da mulher na política não como resultado de cotas ou vitimização, mas de mérito e coragem”, afirma Maguinha, que não se identifica com o feminismo confrontador.

Laura Astrolabio, cofundadora do projeto A Tenda das Candidatas, que visa a capacitação feminina, alerta para a necessidade de uma análise crítica sobre a origem dessas novas lideranças. “É preciso saber se estão ali para herdar capital político de pai ou marido e, se eleitas, atenderão aos interesses deles”, diz Astrolabio, ressaltando a importância de avaliar como os trajetos dessas mulheres dialogam com as demandas dos movimentos femininos.

À medida que se aproximam as eleições de 2026, o PL Mulher parece se solidificar como uma plataforma estratégica para esposas e filhas de políticos, almejando conquistar seu espaço no cenário político brasileiro. Enquanto isso, a sociedade observa atentamente como essas novas lideranças se posicionarão em relação às reivindicações femininas e se realmente trarão mudanças significativas à política nacional.

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