No último sábado (21), o Aeroporto Internacional de São Paulo, localizado em Guarulhos, enfrentou uma situação crítica quando pousos e decolagens foram suspensos devido à presença de drones na área. Este incidente, confirmado pela concessionária GRU Airport, representa a segunda ocorrência dessa natureza em menos de 15 dias, levantando preocupações sobre a segurança aérea e a necessidade de regulamentação mais rígida quanto ao uso de drones.
Impacto nas operações aéreas
A suspensão das operações aéreas afetou diretamente 34 voos da companhia Latam, que emitiu um comunicado lamentando a situação, classificando-a como “totalmente alheia ao seu controle”. A empresa destacou que a segurança de seus passageiros e funcionários é sempre prioritária e que está oferecendo toda a assistência necessária aos afetados, conforme preconizado na Resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Por outro lado, a Gol também registrou atrasos em suas operações, com um voo específico atrasando cerca de 31 minutos para decolagem. O episódio foi alarmante, não apenas pela suspensão dos voos, mas também pela frequência com que esses eventos têm ocorrido.
Histórico de interrupções por drones
Este não foi o primeiro incidente envolvendo drones no Aeroporto de Guarulhos. Em 11 de junho, o espaço aéreo foi fechado por 46 minutos, consequência de ações que estavam sendo investigadas pela Polícia Federal. Na ocasião, a polícia suspeitava que traficantes de drogas podem ter utilizado drones para transportar pacotes de cocaína, cada um pesando 55 kg, para a área do aeroporto.
A invasão de drones tem se tornado uma preocupação crescente. De acordo com dados do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) da Força Aérea Brasileira, até junho de 2025, foram registrados 29 episódios similares em todo o Brasil, sendo que 27 deles ocorreram exclusivamente no estado de São Paulo. Os números de 2024 já indicavam um aumento, com 44 casos registrados, e em 2023, o total foi de 51.
Investigação em andamento
A Polícia Federal (PF) está atenta a esses incidentes, e as investigações recentes indicam que há uma conexão com o tráfico de drogas. Em uma sequência de eventos que culminou no fechamento do aeroporto, a PF notou movimentações estranhas nas proximidades e iniciou uma perseguição a suspeitos. Os traficantes, ao perceberem a presença policial, teriam lançado drones para monitorar as ações das viaturas.
Ao longo dos últimos meses, a PF descobriu uma rota que liga a favela próxima ao aeroporto às áreas restritas de Cumbica, o que acende um sinal de alerta. Esses drones não representam apenas uma ameaça à aviação comercial, mas também indicam uma operação criminosa organizada que utiliza tecnologia moderna para suas atividades ilícitas.
Medidas preventivas e regulamentações necessárias
Diante dessa realidade, a necessidade de regulamentações mais rigorosas para o uso de drones se torna cada vez mais evidente. Atualmente, é crucial que as autoridades elaborem e implementem medidas eficazes para garantir a segurança rotineira nos aeroportos e no espaço aéreo brasileiro. A integração entre a aviação civil, as forças de segurança e os órgãos reguladores é fundamental para criar um ambiente seguro para os passageiros e a operação aeroportuária.
Enquanto isso, a população e os usuários de serviços aéreos devem estar cientes dos riscos associados aos drones, e as operadoras aéreas precisam estar preparadas para agir rapidamente em situações semelhantes. O fechamento do espaço aéreo não é apenas uma questão de interrupção de voos, mas um sinal de que a segurança na aviação deve ser uma prioridade inegociável.
Com a frequência desses eventos, é imprescindível um diálogo contínuo entre a sociedade, as autoridades e os reguladores afetados, visando encontrar soluções efetivas que prevenham futuras interrupções e garantam a segurança nos voos em território nacional.