Neste ano, a Parada do Orgulho LGBT+ de 2023 no Brasil tem um significado especial para o casal Jarbas Bitencourt e o fotógrafo Mikael Bitencourt. Depois de 15 anos juntos, eles apresentam sua filha, a pequena Antonella, que aos 12 meses se torna a primeira criança nascida com o DNA de dois pais no Sul do Brasil. O evento, que se destaca pela celebração do amor e da diversidade, se transforma em um marco na luta contra a LGBTfobia.
A história da pequena Antonella
Antonella foi ideia do casal que sonhava em construir uma família. Sua concepção ocorreu a partir do óvulo de Marrie Bortolanza, irmã de Mikael, combinado com o sêmen de Jarbas, um dos pais. O processo de gestação foi realizado por uma amiga do casal, Jéssica Konig, que se ofereceu para ser a gestante de substituição, conhecida popularmente como “barriga solidária”. “A Antonella é um símbolo da luta contra o preconceito”, afirmou Jarbas em entrevista.
A filiação e o papel da barriga solidária
O conceito de barriga solidária é uma prática cada vez mais reconhecida, que permite que uma mulher carregue o filho de outra família. Com a autorização do Conselho Federal de Medicina, a gestante deve ter um vínculo de parentesco com um dos futuros pais, o que foi o caso de Jéssica, que é amiga e comadre do casal. Para Jarbas e Mikael, o sonho de se tornarem pais tornou-se realidade: “Quando soubemos que era possível, nos sentimos realizados”, destacou Jarbas.
A escolha do dia para o nascimento de Antonella não foi por acaso. Ela veio ao mundo no dia 17 de maio, data que marca a luta internacional contra a LGBTfobia, trazendo um simbolismo ainda mais forte para a família que teve a coragem de desafiar os padrões tradicionais de construção familiar.
O desfile na Parada do Orgulho LGBT+
No dia do evento, a família se destacou no desfile, vestidos com roupa nas cores do arco-íris, acompanhando o segundo trio elétrico, que celebra as famílias LGBT+. A presença de Antonella na parada representa não apenas uma vitória pessoal, mas um grito de resistência em prol da aceitação e do respeito às diversidades. “Estamos aqui para afirmar a nossa existência, resistência e orgulho”, declarou Mikael, cheio de emoção.
Desafios e superações no caminho da paternidade
O casal enfrentou diversos desafios ao longo de sua jornada até a paternidade. Inicialmente, tentaram o processo de adoção, mas enfrentaram frustrações, como a desistência da mãe biológica. A partir disso, pela recomendação de uma clínica, decidiram tentar a fertilização in vitro. “Foi um grande passo em direção à realização do nosso sonho”, comentou Jarbas. Para eles, ter uma filha que envolve o DNA de ambos é considerado a “cereja do bolo” em suas vidas.
Entendendo a legislação sobre a barriga solidária
A prática de gestação por substituição no Brasil, embora ainda envolta em polêmica e equívocos, é regida por normas que asseguram direitos e responsabilidades. As legislações estabelecem limites de idade e diretrizes sobre o uso de gametas, sendo a doação desprovida de caráter lucrativo. O Conselho Regional de Medicina garante que todo o cuidado necessário com a mãe gestante deve ser mantido durante e após o processo de gestação.
Embora essa família tenha encontrado uma solução viável para realizar seu sonho, a sociedade ainda enfrenta barreiras quando o assunto é o reconhecimento e aceitação dos diversos tipos de famílias que formam o Brasil. Jarbas e Mikael são exemplos de amor, coragem e luta por reconhecimento, e sua história ressoa como um manifesto de que a felicidade familiar pode ser construída de diferentes formas.
Com sua presença na Parada do Orgulho LGBT+, Jarbas, Mikael e Antonella se tornam um símbolo da diversidade familiar, mostrando que, independentemente das circunstâncias, o amor é o verdadeiro laço que une as famílias.