Brian Murray, CEO da HarperCollins, afirmou que a indústria do livro resistiu às mudanças tecnológicas ao longo dos séculos e que, apesar da “tsunami” da inteligência artificial (IA), ela continuará a existir. Em visita ao Brasil para a Bienal do Livro do Rio, Murray destacou que nunca usará IA para gerar livros, mas enxerga avanços tecnológicos como oportunidades, como a produção de audiolivros e traduções mais rápidas e econômicas.
O impacto da IA na indústria do livro
Murray ressaltou que a inteligência artificial já está desempenhando funções diversas, até mesmo substituindo trabalhos em áreas inusitadas, como a de colônias de abelhas, e que empresas do setor musical já negociam a venda de conteúdo gerado por IA. Segundo ele, a preocupação principal é com o respeito aos direitos autorais, afirmando que a HarperCollins tem se esforçado para proteger esses direitos, inclusive apoiando processos contra plataformas que usam conteúdo sem autorização.
Oportunidades e limites
Enquanto evita o uso de IA na criação de livros, Murray reconhece que a tecnologia oferece possibilidades em traduções e criação de audiolivros a custos menores. “A IA é útil para uma primeira tradução rápida, que depois pode ser revisada por tradutores humanos”, explica. Ele também afirma que, apesar das resistências, a tecnologia deve ser vista como uma aliada, não uma ameaça.
Estratégia global e presença no Brasil
A HarperCollins, presente em 15 países, vê no Brasil um mercado crucial para sua expansão. Murray explica que o crescimento do país, a ascensão da classe média e a melhora na infraestrutura de distribuição fazem do Brasil uma prioridade a longo prazo. A estratégia da editora inclui crescimento orgânico e aquisições de editoras que possam complementar seu catálogo, especialmente nos segmentos de ficção, não ficção e literatura religiosa.
O fenômeno dos livros de colorir
Entre os sucessos recentes, Murray destaca o impacto dos livros de colorir, impulsionado pelas redes sociais. Ele elogia a rapidez com que um fenômeno pode se espalhar globalmente, e promete discutir com as filiais internacionais da HarperCollins formas de ampliar essa tendência.
Desafios e futuro do mercado editorial
O executivo também abordou questões como a dependência do Brasil da Amazon, que domina quase metade do varejo digital. Apesar de considerá-la uma “frenemy” — mistura de amigo e inimigo —, Murray reconhece que a Amazon ajudou a fortalecer o mercado no país. Além disso, falou sobre o papel das redes sociais na adaptação às novas formas de venda e o crescimento de livrarias independentes nos EUA.
Por fim, Murray afirma que a indústria do livro é resistente às mudanças tecnológicas e que a inovação não significa destruir o trabalho criativo. Ele reforça a necessidade de proteger os direitos autorais e de entender que a IA pode ser uma aliada na democratização e na disseminação do conhecimento, desde que usada com ética e responsabilidade.
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