No último domingo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma postagem que rapidamente chamou a atenção nas redes sociais. Ele dividiu uma montagem de fotos em que aparece ao lado do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. A escolha do momento para compartilhar essa imagem não foi casual, pois coincidia com a recente escalada do conflito no Oriente Médio, com a entrada oficial dos EUA na guerra entre Israel e Irã, que começou na madrugada de sábado.
O ataque dos EUA e a resposta de Bolsonaro
Donald Trump, em pronunciamento, anunciou que as Forças Armadas dos Estados Unidos realizaram um “ataque muito bem-sucedido” a três instalações nucleares no Irã. O ataque, que ocorreu em meio à tensão crescente na região, visou as instalações de Natanz, Isfahan e Fordow, esta última considerada vital para o programa nuclear iraniano. A ação foi interpretada como um apoio direto ao governo de Israel, que já havia disparado ataques contra o Irã.
Enquanto o ex-presidente dos EUA celebrava a operação militar, o cenário político brasileiro se tornava ainda mais polarizado. Bolsonaro, conhecido por seu alinhamento com líderes conservadores internacionais, utilizou sua plataforma digital para reafirmar sua conexão com Trump e Netanyahu, reforçando sua postura política favorável a uma agenda que prioriza a segurança e a defesa de Israel no contexto global.
Apoio da família Bolsonaro ao ataque
Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, também comentou a situação, defendendo a ideia de que a paz “não se conquista com ingenuidade”. Ele citou a máxima latina “si vis pacem, para bellum” (“se quer paz, prepare-se para a guerra”), sublinhando a postura mais beligerante da família em relação ao conflito. Essa visão contrasta fortemente com a posição oficial do governo brasileiro, que emitiu uma nota de condenação aos ataques, descrevendo-os como violadores da soberania do Irã e do direito internacional.
Posições divergentes entre o governo e a família Bolsonaro
A nota do Itamaraty expressou preocupação com as consequências das ações militares, afirmando que qualquer ataque a instalações nucleares é uma grave ameaça à vida e à saúde de populações civis, expostas ao risco de contaminação radioativa e desastres ambientais. O governo brasileiro pediu que se respeite a soberania do Irã, numa tentativa de distanciar-se da retórica belicista da família Bolsonaro.
Essa divergência de posicionamentos demonstra não apenas o impacto das relações internacionais nas esferas domésticas, mas também como a política externa pode ser um campo fértil para diferenças ideológicas dentro de um mesmo grupo político. A defesa de uma diplomacia mais coerente e respeitosa por parte do governo atual se choca diretamente com as declarações e posturas mais agressivas promovidas por Bolsonaro e seus filhos.
Repercussões da postagem de Bolsonaro
A postagem de Jair Bolsonaro, além de reviver sua forte relação com Trump e Netanyahu, pode ser vista como uma provocação à diplomacia brasileira atual e um chamado à discussão sobre a política externa. A imagem, escolhida de forma estratégica, provavelmente busca fortalecer a base de apoio dos conservadores que ainda se alinham com a visão de um Brasil próximo aos Estados Unidos e Israel.
Enquanto os desdobramentos no Oriente Médio continuam a impactar a política global, a postura de Bolsonaro parece garantir um lugar no cenário internacional ao mesmo tempo em que provoca um debate interno sobre os rumos da política externa brasileira. Fica claro que, mesmo fora do cargo, o ex-presidente continua a se fazer presente na arena política, influenciando discussões que repercutem tanto em solo nacional quanto internacional.
Acompanhar os desdobramentos dessa situação será essencial para entender como as relações Brasil-EUA e Brasil-Israel se desenvolverão, especialmente em um mundo cada vez mais polarizado.