Um novo relatório do secretário-geral das Nações Unidas apontou que o número de violações contra crianças em conflitos armados atingiu o maior patamar em 30 anos, com 41.370 incidentes registrados em 2024. Os principais índices foram observados em regiões como Israel e Palestina, especialmente na Faixa de Gaza, além da República Democrática do Congo, Somália, Nigéria e Haiti. Os dados alarmantes geram preocupações sobre a proteção das crianças em situações de guerra, evidenciando um desrespeito flagrante ao direito internacional.
Aumento alarmante de violações
Virginia Gamba, representante especial do secretário-geral das Nações Unidas sobre Crianças e Conflitos Armados, expressou sua preocupação com a situação: “O choro de 22.495 crianças inocentes, que deveriam estar aprendendo a ler ou jogar futebol, mas que, em vez disso, tiveram que aprender a sobreviver a tiroteios e bombardeios, deveria nos tirar o sono à noite.” Esse apelo é um claro chamado à ação da comunidade internacional para que se comprometam novamente com o respeito e a proteção dos direitos infantis em conflito.
Um retrato devastador
Os dados revelam a gravidade da situação: 11.967 crianças mortas ou mutiladas, 7.906 crianças sem acesso à assistência humanitária e 7.402 crianças recrutadas ou utilizadas em pelo menos 25 conflitos em andamento. Outros números assustadores mostram um aumento de 44% nos ataques a escolas e um crescimento de 34% nas violações e abusos sexuais contra menores. “Bombardeios pesados e o uso incessante de armas explosivas em áreas urbanas transformaram casas e bairros em campos de batalha”, destacou Gamba.
A detenção de crianças em conflito
Outros dados preocupantes incluem a detenção de pelo menos 3.018 crianças devido à sua suposta ou real associação com grupos armados em conflito. As crianças detidas são altamente vulneráveis a violações de direitos, como tortura e violência sexual. Em resposta, a ONU pede a prioridade de alternativas à detenção, bem como o suporte à reintegração desses jovens ao convívio social. O maior número de detenções ocorreu em Israel, Palestina, Nigéria, Iraque, Somália e Líbia.
Desafios ao acesso à educação
O acesso à educação é um tema central que se destaca no relatório. A guerra privou milhões de crianças do direito de frequentar a escola. Em locais como o Sudão, mais de 17 milhões de crianças estão fora da sala de aula, enquanto 2,2 milhões de meninas no Afeganistão continuam sem acesso à educação. Virginia Gamba enfatizou: “Crianças que vivem em meio a hostilidades estão perdendo a infância.” O desrespeito aos direitos protetores das crianças é um problema crescente, com os governos e grupos armados no mundo ignorando suas responsabilidades.
Esforços de proteção infantil
Em meio a esse cenário alarmante, o relatório também destaca que quase 16.500 crianças associadas a forças armadas receberam apoio para reintegração em 2024, um aumento significativo em relação ao ano anterior. Desde 2005, mais de 200.000 crianças foram libertadas. A ONU registrou 40 compromissos de partes em conflito para proteger os direitos infantis, mas muitos desafios permanecem. “Estamos diante de uma escolha que define quem somos: cuidar delas ou dar as costas… Todos nós compartilhamos o dever de agir, urgente e decisivamente, para acabar com esse sofrimento. Não amanhã. Não algum dia. Hoje.” concluiu Gamba.
É essencial que a comunidade internacional amplie seus esforços para proteger as crianças em situações de conflito e garantir que tenham a oportunidade de crescer em ambientes seguros e dignos.