Brasil, 21 de junho de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Surfistas brasileiros enfrentam vida nômade e saudade da família

A vida nômade dos surfistas brasileiros no circuito mundial é marcada pela saudade das famílias e pela busca por conexão.

Na fase decisiva do circuito mundial, os surfistas da elite enfrentam não apenas a pressão por resultados, mas também a expectativa de reencontros familiares. Após meses de vida nômade, explorando o mundo em busca das melhores ondas, está quase na hora de voltar para casa e rever os entes queridos. Para muitos deles, o evento em Saquarema representa uma oportunidade única de matar a saudade antes do sprint final no Championship Tour (CT).

O impacto emocional da competição no Brasil

Para os atletas brasileiros, a competição em casa é sempre especial. Filipe Toledo resume bem essa sensação: “Competir no Brasil é sempre emocionante. A energia da torcida, os gritos na areia, as bandeiras… É diferente de tudo. Sinto uma força extra aqui. Surfar com o coração cheio faz toda a diferença.” Essa conexão emocional não apenas motiva os surfistas, mas também é uma forma de recarregar as energias antes das próximas etapas.

Entretanto, a realidade do surfista nem sempre é glamourosa. A maioria dos atletas passa o ano em aeroportos, hotéis e casas alugadas. Cada parada envolve lidar, em um curto espaço de tempo, com variações climáticas, fusos horários e particularidades culturais. Embora o estilo de vida do surfista seja frequentemente vendido como um sonho, a rotina fora das competições e longe do mar é marcada pela solidão.

A rotina desgastante do atleta

João Chianca, o mais jovem representante brasileiro no tour após o corte, com apenas 24 anos, fala sobre as dificuldades de estar longe da família. “Ficar longe dos pais, do irmão e dos sobrinhos é difícil. O que mais me motiva é que amo o que faço e me sinto completamente confortável com tudo que as competições me trazem”, diz ele.

Ser atleta do Championship Tour significa viver de oito a dez meses longe de casa. Além da pressão para manter o desempenho, os surfistas que não possuem uma equipe estruturada enfrentam a responsabilidade de lidar sozinhos com passagens aéreas, controle de gastos, gravações e eventos. Quando a saudade aperta, as chamadas de vídeo tornam-se aliadas essenciais, permitindo que os atletas “reencontrem” rostos queridos mesmo a milhares de quilômetros de distância.

A importância das conexões virtuais

Miguel Pupo, que é pai de quatro meninas, destaca as interações virtuais que facilitam a saudade. “Quando viajo, conversamos uma vez por dia, no máximo duas, até porque, psicologicamente, não quero estar num lugar vivendo outro.” Pupo, que teve que acompanhar o parto de uma das filhas por chamada de vídeo, lida com a saudade enquanto tenta fazer o melhor em sua carreira. “Elas me pedem para ficar ou fazem brincadeiras, querem entrar na mala, tentam pular dentro da capa da prancha.”

Aprendizados e conexões em cada parada

Apesar de todos os desafios, os surfistas valorizam a liberdade de viver do que amam, de conhecer novas culturas e buscar uma conexão com cada local. “Sou bem curioso e gosto de entender as pessoas, os costumes, a culinária… Tento aprender algumas palavras do idioma e troco ideias com os locais sempre que posso”, conta Filipe Toledo.

A vida atípica também gera um sentimento de irmandade entre os brasileiros no tour, estreitando laços ao longo da temporada. Pupo destaca a importância dessa conexão: “Os meus amigos são o pessoal do tour. Muitos de nós já viajamos e competimos juntos há muitos anos. Passamos muito mais tempo juntos do que com a própria família.” Essa camaradagem traz leveza às competições e serve como refúgio durante a intensa rotina que enfrentam.

A vida nômade de um surfista no circuito mundial é, sem dúvida, repleta de desafios. Entretanto, a possibilidade de conviver com amigos, a emoção de competir no Brasil e o amor pela família proporcionam motivação e energia para enfrentar as ondas e o mar da competição.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes