A Praia de Botafogo, tradicionalmente conhecida por sua poluição, surpreende os cariocas com uma notícia inesperada: desde o início de maio, as águas da enseada estão próprias para banho. Em um cenário onde a poluição e o esgoto dominaram por décadas, a transformação tem sido considerada uma revolução no acesso aos ambientes naturais cariocas. O g1 foi conferir essa novidade e traz os detalhes do que possibilitou essa melhoria e o que representa para a cidade.
Histórico de poluição e a maré que virou
Historicamente uma das praias mais poluídas do Rio de Janeiro, a Praia de Botafogo passou por um processo significativo de recuperação. Muitos cariocas estavam céticos quanto à possibilidade de um dia mergulhar nas águas em frente ao Pão de Açúcar. O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) têm divulgado semanalmente boletins sobre a qualidade da água, e, em 2025, das 34 amostras coletadas, 9 (26% das vezes) resultaram em liberação para banho. Comparativamente, entre 2007 e 2021, apenas 7 de 1.500 exames tinham autorização para banho.
A receita da limpeza
O que mudou para que a Praia de Botafogo alcançasse essa nova fase? A resposta está em grandes investimentos em infraestrutura e recuperação ambiental. Atualmente, mais de 100 milhões de litros de esgoto que antes eram despejados diariamente na Baía de Guanabara foram eliminados. O leilão da Cedae em 2021 e a concessão dada à Aegea resultaram no início de um novo tratamento do esgoto. Uma das principais iniciativas foi a limpeza do Interceptor Oceânico, que, por 52 anos, não havia passado por manutenção.
Além disso, a construção de coletores de efluentes e a instalação de ecobarreiras têm contribuído para a redução de resíduos sólidos na Baía, permitindo que a água da Praia de Botafogo se torne, pela primeira vez em décadas, própria para banho. O governador Cláudio Castro sintetizou essa mudança: “Barrar quase 12 mil toneladas de lixo é uma prova concreta de que estamos transformando a Baía”.
Características da Praia de Botafogo
Apesar da água limpa, a Praia de Botafogo ainda parece um deserto quando se fala em infraestrutura de lazer. Em uma visita recente, o g1 constatou que, mesmo em um dia ensolarado, o número de banhistas era baixo, com a presença de apenas um vendedor de bebidas. A comparação com outras praias da região, como Urca e Flamengo, revela que Botafogo ainda carece de serviços que atraiam mais frequentadores.
Naquele dia, a transparência da água foi considerada boa, mas a calmaria dominava a enseada, e as opções de barracas e quiosques eram inexistentes. Com boa acessibilidade, a praia ainda espera que, com o aumento da frequência de banhistas, outras iniciativas e investimentos na infraestrutura sejam realizados.
O futuro da Praia de Botafogo
Entretanto, não se pode negar que o progresso é promissor. Ricardo Gomes, do Instituto Mar Urbano, acredita que essa transformação pode impulsionar a economia local. “Imagine o impacto de uma praia cheia de gente, com um aumento no número de vendedores e de escolinhas de natação,” disse ele.essa mudança não é apenas um ganho ambiental, mas também uma oportunidade para novos empregos e geração de renda.
No entanto, o que se observou em uma visita recente à praia foi o retorno de lixo às areias, especialmente próximo ao ponto onde antes havia despejos de esgoto. Essa situação destaca a necessidade de esforços contínuos para que a praia se mantenha limpa e atraente para os cariocas e turistas. A interação entre meio ambiente e comunidade será vital para garantir que a Praia de Botafogo se transforme definitivamente em um destino de lazer.
O que se viu em Botafogo, realmente, é uma reviravolta: de em uma praia imprópria, há agora a chance de um espaço revitalizado que pode beneficiar tanto o meio ambiente quanto a economia local. O futuro parece otimista, mas depende da continuidade dos cuidados e da conscientização por parte de todos.