Em uma nova ofensiva para se aproximar do público evangélico, o governo Lula tem mobilizado esforços por meio da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Com a missão de dialogar com esse importante segmento da sociedade, a ministra tem promovido encontros com lideranças religiosas e está elaborando um cronograma de reuniões que envolverá ministros do governo e pastores.
A importância do diálogo com os evangélicos
De acordo com dados recentes do Datafolha, a rejeição de Lula entre os evangélicos gira em torno de 61%. Em contrapartida, o ex-presidente Jair Bolsonaro apresenta uma rejeição de 25%. Frente a essa situação, o executivo busca estratégias para quebrar essa resistência e diminuir a rejeição ao presidente antes da eleição de 2026, quando Lula pretende disputar a reeleição.
Um dos pontos centrais das conversas de Gleisi com os pastores progressistas tem sido a necessidade de um encontro do presidente com lideranças evangélicas. As sugestões incluem a criação de uma assessoria especializada em assuntos evangélicos e a necessidade de uma comunicação mais dirigida, que considere as especificidades desse público. Adicionalmente, os pastores sugerem a implementação de uma secretaria para assuntos religiosos, a fim de melhor guiar a comunicação do governo em temas que possam afetar a comunidade evangélica.
Reuniões estratégicas e interação direta
Apesar da demanda dos líderes religiosos, o Palácio do Planalto ainda não se comprometeu oficialmente com as sugestões apresentadas. No entanto, as lideranças acreditam que as propostas estão sendo consideradas e aguarda-se um aprofundamento nas discussões. A ministra Gleisi Hoffmann, até o momento, não se manifestou sobre as reuniões e os pedidos dos pastores.
Um aspecto crucial para a aproximação do governo com o público evangélico é evitar disputas políticas com pastores que são opositores do governo. Um diálogo direto com os fiéis, sem intermediações que possam criar divisões, é considerado fundamental para o sucesso dessa nova estratégia.
A diversidade entre os evangélicos
A coordenadora da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, Nilza Valéria Zacharias, enfatiza que não existe uma figura única que represente a vasta diversidade que compõe a comunidade evangélica. “O diálogo deve ser feito a partir da base, a massa evangélica, e não apenas com seus líderes,” defende Nilza, destacando a complexidade desse segmento.
Os números revelados pelo Censo Demográfico de 2022 mostram que a população evangélica no Brasil atingiu 26,9% da população, o que representa mais de 47 milhões de pessoas. Este crescimento, embora menor em relação a censos anteriores, ainda destaca a importância desse público nas decisões políticas e sociais do país.
Pessoas-chave na comunicação com os evangélicos
Gleisi Hoffmann conta com o apoio de outros ministros no esforço de diálogo com os evangélicos. O ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, que também é evangélico, tem sido um dos principais interlocutores do governo nesse contexto. Messias foi escalado para participar de cerimônias e eventos religiosos, como a Marcha para Jesus, onde Lula enviou uma carta demonstrando apoio ao evento. Outros ministros, como Wellington Dias, do Desenvolvimento Social, e Margareth Menezes, da Cultura, também estabelecem conexões com esse segmento.
A orientação de Gleisi é incluir vozes de religiosos que não são necessariamente alinhados à esquerda, contanto que não sejam apoiadores de antigos adversários políticos, como Bolsonaro. O foco será tratar da situação política atual, das ações do governo e também de temas que são considerados polêmicos, como as crises enfrentadas pela administração atual, incluindo o recente escândalo dos descontos indevidos do INSS.
Expectativas e resultados
Embora ainda seja cedo para avaliar os resultados dessa nova estratégia, pastores como Sergio Dusilek acreditam que os esforços já são visíveis e podem levar a uma melhora na relação entre o governo e os evangélicos. Para Lula, que historicamente tem resistido a conversas direcionadas a esse público, as ações recentes indicam uma mudança de postura e uma busca por reconciliação nesse campo político.
Com a aproximação das eleições de 2026, a necessidade de diálogo e entendimento mútuo entre o governo e a comunidade evangélica é mais importante do que nunca. A estratégia de Gleisi Hoffmann, se bem sucedida, pode não apenas reduzir a rejeição ao presidente, mas também criar um novo espaço de diálogo que beneficie tanto as lideranças evangélicas quanto as políticas públicas do governo atual.