Um forte apelo contra toda forma de abuso — seja sexual, de poder ou de consciência — foi enviado pelo Papa Leão XIV ao Peru, durante o espetáculo teatral “Proyecto Ugaz”, dedicado à jornalista Paola Ugaz, reconhecida por seu trabalho investigativo sobre o Sodalício de Vida Cristã. O movimento, que foi suprimido por abuso e corrupção, tornou-se o foco de perseguições. Na mensagem, o Papa afirma: “Onde um jornalista é silenciado, a alma democrática de um país se enfraquece”.
A coragem de Paola Ugaz e o teatro como voz da verdade
Atonalmente, a figura de Paola Ugaz emerge como um ícone de coragem em meio a abusos e corrupção. A peça “Proyecto Ugaz”, que está em cartaz no Teatro Plaza de Lima até 29 de junho, não é apenas um espetáculo, mas uma celebração da liberdade de imprensa e do trabalho jornalístico que desafia a injustiça. Leão XIV reforça a importância de cultivar uma cultura de prevenção na Igreja, que não tolere qualquer tipo de abuso. A realidade jornalística, em muitos aspectos, inspira essa ficção, amplificando a necessidade de um discurso livre e verdadeiro.
Ugaz, que já havia denunciado o Sodalício em 2015, enfrentou retaliações constantes após assinar um livro que reunia os testemunhos de vítimas de abusos. Sua luta incansável mobilizou investigações do Ministério Público no Peru, culminando na intervenção do Papa Francisco, que sempre prestou atenção no caso. A coragem de Paola não só a levou a pedir proteção ao Papa em 2022, mas também a tornar-se uma defensora emblemática da verdade.
A mensagem do Papa e seu alcance
O Papa Leão XIV, em sua mensagem, não apenas reconhece a luta de Ugaz, mas destaca a necessidade de um compromisso renovado na proteção dos vulneráveis. Ele expressa gratidão àqueles que perseveraram na luta contra o abuso, mesmo diante de desqualificações e perseguições. Citando a Carta ao Povo de Deus, escrita por Francisco em 2018, Leão XIV destaca que “a dor das vítimas e de suas famílias é também a nossa dor”, clamando por uma transformação eclesial verdadeira que inclua conversão, humildade e reparação.
“Quando um jornalista é silenciado, a alma democrática de um país se enfraquece”, ressalta o Papa ao se dirigir às autoridades peruanas, à sociedade civil e a todos os cidadãos. Ele enfatiza que proteger aqueles que falam a verdade é essencial para a construção democrática e que a liberdade de imprensa é um bem comum inalienável.
Responsabilidade coletiva na busca pela verdade
Leão XIV conclui sua mensagem reafirmando que a verdade não pertence a ninguém, mas é responsabilidade de todos. A defesa de um jornalismo ético e livre deve ser um dever compartilhado por todos os que aspiram a uma sociedade mais justa. O apelo do Papa também ressoa como um chamado à população peruana, instando ao fortalecimento das vozes que narram a realidade com integridade e coragem.
“Não tenham medo. Por meio do seu trabalho, vocês podem ser arquitetos de paz, unidade e diálogo social”, salienta o Pontífice, incentivando os jornalistas a continuarem sua missão em busca da verdade.
A mensagem de Leão XIV é clara: o jornalismo é uma ponte entre os fatos e a consciência das pessoas, especialmente em tempos de crise. Ao apoiar Paola Ugaz e outros jornalistas, ele não apenas defende a verdade, mas convoca todos a serem agentes de transformação na Igreja e na sociedade peruana.
Assim, o “Proyecto Ugaz” não se limita a ser uma obra teatral; é um grito de justiça que ecoa nas paredes da Igreja, lembrando que a verdade, por mais dolorosa que seja, é o primeiro passo para a libertação e a cura das feridas profundas deixadas porabusos e silêncios.
