Em um movimento estratégico para fortalecer sua imagem entre os eleitores evangélicos, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), esteve presente na edição paulista da Marcha Para Jesus, realizada no último final de semana. A participação não foi meramente simbólica; Tarcísio posou com a bandeira de Israel e cantou louvores ao lado de pastores, em um evento que atraiu milhares de fiéis. Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma carta elogiando a importância do evento religioso.
A busca pelo apoio evangélico em 2026
Cotado para a disputa presidencial de 2026, Tarcísio de Freitas tem intensificado sua aproximação com o público evangélico, um grupo que representa aproximadamente 26,9% da população brasileira, segundo dados recentes do IBGE. Este segmento tem demonstrado uma rejeição mais acentuada a Lula, tornando-se um alvo estratégico para Tarcísio em sua jornada política. Durante o evento, o governador sancionou um projeto de lei que transforma a Marcha Para Jesus e o grupo gospel Renascer Praise em patrimônios culturais do estado, um gesto que visa angariar mais simpatia entre os evangélicos.
Indiretas políticas durante a festividade
Em seu discurso, Tarcísio adotou um tom de pregação, intercalando temas religiosos com críticas sutis às dificuldades que o Brasil enfrenta. Ele chamou os fiéis à reconciliação e destacou a importância da oração e da união da nação. “Se a nação sucumbir à idolatria, à corrupção? Deus responde à oração de Salomão. Isso vale para a gente também”, afirmou durante seu discurso, buscando ressoar com os sentimentos do público presente.
Expectativa de público e presença de autoridades
A expectativa era de que cerca de 2 milhões de pessoas participassem da Marcha, embora não tenha sido divulgada uma estimativa oficial do público. O evento teve início no Centro de São Paulo, com o percurso culminando em um palco na Zona Norte. Ao lado de Tarcísio, o prefeito São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), também estava presente, reforçando a coalizão entre aliados de Jair Bolsonaro e o governo estadual.
O governador não é o único a se beneficiar desse tipo de evento. A última pesquisa Genial/Quaest mostrou que, entre o eleitorado de direita, Tarcísio surge como uma opção viável para suceder Bolsonaro, que não poderá concorrer nas próximas eleições. O clima do evento também ficou mais tenso para Lula, que, em contraste, enviou representantes para o evento, mas optou por não comparecer pessoalmente após ser vaiado em edições anteriores pela sua própria base.
O apoio de líderes religiosos e a resposta do governo
A presença de figuras importantes do segmento evangélico, como o pastor Silas Malafaia, que já havia manifestado críticas a Tarcísio, ilustra a complexidade do cenário político que o governador enfrenta. Apesar das resistências, ele continua buscando a aceitação desse segmento, que está relutante em apoiar sua candidatura de maneira irrestrita.
O ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, que também é evangélico, foi uma das autoridades que representou o governo no evento. Messias já tinha participado das edições anteriores e, ao discursar, evitou mencionar Lula, provavelmente em uma tentativa de dissociar a imagem do governo atual dos eventos religiosos.
Um evento de fé e movimento social
O clima da Marcha Para Jesus vai além da política. É um evento que transforma fé em uma corrente de mobilização social, atraindo diferentes lideranças religiosas e políticas. O presidente Lula, em sua carta, enfatizou a importância do evento como um “ato extraordinário de fé coletiva”, ressaltando o papel da Igreja Renascer em Cristo, que organiza a Marcha, como líder de uma comunidade em busca de esperança e mudança social.
Com a corrida presidencial de 2026 já à vista, a presença de Tarcísio na Marcha Para Jesus é uma tentativa clara de se estabelecer como o candidato preferido entre os evangélicos. A habilidade de alinhar crenças e política pode definir não apenas seu futuro, mas também o rumo da próxima eleição no Brasil.
Por meio desse evento, podemos ver como a religiosidade e a política andam cada vez mais entrelaçadas no cenário atual brasileiro, destacando a necessidade dos candidatos em se conectar com esse importante segmento da população.