Brasil, 21 de junho de 2025
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O verdadeiro impacto da tragédia de Grenfell

Documentário 'Grenfell: Uncovered' revela os detalhes escondidos e as falhas que levaram ao incêndio fatal em 2017

No início da manhã de 14 de junho de 2017, moradores de Grenfell Tower foram surpreendidos por um incêndio que se tornou símbolo internacional de negligência e injustiça. O fogo, que começou em um apartamento no quarto andar, se espalhou rapidamente pelo exterior do edifício em North Kensington, Londres, resultando na morte de 72 pessoas e na tragédia que mobilizou o mundo.

O que realmente aconteceu naquela noite?

De acordo com o relato dos bombeiros e investigações posteriores, o incêndio teve início em seu apartamento, ocupado por Behailu Kebede. Ele foi despertado pelo alarme de fumaça ao notar as chamas próximas à geladeira e ao freezer, que estavam em fogo. Kebede chamou os bombeiros às 0h54, e a equipe chegou ao local cinco minutos depois.

Os bombeiros entraram no apartamento às 1h07, realizando uma inspeção rápida. Segundo testemunhas, uma cortina de fogo já subia em direção ao teto, enquanto imagens térmicas indicam que gases e chamas escapavam pela janela da cozinha, próxima ao refrigerador. A partir de 1h09, o fogo começou a consumir o exterior do prédio, iniciando uma propagação devastadora.

Menos de meia hora após a chegada dos bombeiros, o fogo atingiu o lado leste da torre, chegando ao topo. Às 4h30, o edifício estava completamente consumido pelas chamas, afetando mais de 100 apartamentos.

Falhas na estrutura e no projeto que agravaram a tragédia

O rápido espalhamento do incêndio foi impulsionado por várias falhas estruturais e de design. O elemento mais crítico foi a instalação de um revestimento externo durante uma reforma em 2016, composto por painéis de alumínio com núcleo de polietileno, material altamente inflamável que libera grandes quantidades de calor ao queimar, atuando como combustível para o fogo.

Além disso, a isolamento térmico feito de espuma de poliuretano, também inflamável, contribuiu para a propagação do incêndio. As reformas nas janelas usaram materiais combustíveis, permitindo que as chamas passassem de um andar a outro através de falhas na estrutura.

Especialistas presentes no documentário ‘Grenfell: Uncovered’ destacam que os painéis de ACM — compostos de alumínio com núcleo de polietileno — já haviam sido considerados perigosos em testes anteriores, devido à sua rápida queima, produção de calor intenso e fumaça densa. Esses resultados foram mantidos em segredo por empresas como a Arconic, fabricante do material empregado na torre.

O polêmico conceito de “ficar no lugar”

Até hoje, muitas residências no Reino Unido seguem a política de segurança contra incêndios conhecida como “stay put” (permanecer no local). Essa orientação recomenda que, em caso de incêndio, os moradores permaneçam em seus apartamentos, confiando na estrutura para impedir a propagação do fogo. No entanto, a tragédia de Grenfell revelou as limitações dessa estratégia diante de materiais altamente inflamáveis.

Impacto e legados do desastre

O incêndio de Grenfell expôs uma série de negligências por parte das autoridades e das empresas responsáveis pela construção e reforma do edifício. As investigações apontaram que a combinação de materiais premidiados, interesses comerciais e falta de fiscalização criaram condições perfeitas para uma tragédia de proporções catastróficas.

O documentário ‘Grenfell: Uncovered’, que estreia na Netflix em 20 de junho, traz vozes das vítimas, detalhes dos bastidores da investigação e evidencia como interesses corporativos e falhas governamentais contribuíram para o desastre. A produção busca não apenas fazer justiça às vítimas, mas também promover uma reflexão sobre segurança e responsabilidade social.

Enquanto novas medidas de inspeção e segurança têm sido discutidas, a memória de Grenfell permanece viva, simbolizando a urgência de mudanças que priorizem vidas sobre interesses econômicos.

Para continuar acompanhando a discussão sobre segurança de edifícios e direitos civis, recomendo a leitura do artigo sobre reformas em residências vulneráveis e o estudo do relatório da Agência de Segurança do Reino Unido.

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