No último fim de semana, manifestantes contra a administração Trump participaram de protestos em várias cidades dos Estados Unidos, adotando estratégias de segurança digital. Entre eles, Hina Sabatine optou por levar um telefone descartável, sem biometria, além de usar uma bolsa Faraday para bloquear sinais. Essa medida visa proteger a identidade e a localização dos participantes, especialmente em meio ao aumento da repressão policial.
Por que evitar levar o telefone a protestos
De acordo com especialistas, seus dispositivos móveis podem revelar informações pessoais ou localizações em tempo real, ainda que estejam em modo avião. Anu Joshi, ativista da American Civil Liberties Union, destaca que “a única forma de garantir que você não será rastreado é não levando o telefone”.
Ao conectar-se às torres de celular, o telefone registra sua movimentação, e, mesmo desligado, há riscos de rastreamento por determinação judicial ou por dispositivos forenses utilizados pela polícia. Alejandro Ruiz-esparza, da Lucy Parsons Labs, afirma que desligar o aparelho antes de sair de casa é uma prática recomendada para dificultar essa localização.
Cuidados ao levar o celular
Desative biometria para proteção jurídica
Se for necessário levar o telefone, o especialista recomenda desativar biometria como Face ID e Touch ID. “O código numérico oferece maior proteção jurídica e impede que forças forenses acessem seus dados sem consentimento”, explica Joshi. Para dispositivos Android, é possível ativar o modo de bloqueio ‘Lockdown’, que desativa temporariamente biometria.
Deixe o aparelho desligado ou fora do local
Outra estratégia é deixar o telefone no carro ou desligado durante a manifestação, para evitar qualquer registro de sua presença. Bill Budington, do Electronic Frontier Foundation, reforça que “se alguém for detido, os dispositivos podem ser utilizados para extrair informações confidenciais”. Técnicas forenses modernas podem revelar detalhes sobre sua participação, pessoas com quem comunicou, além de conteúdo das redes sociais.
Precauções adicionais
Para quem precisa usar o celular, desligar biometria e ativar o modo avião são passos essenciais. Tecnologia como bolsas Faraday, que bloqueiam sinais, também podem ser usadas, embora dificultem argumentar ausência na manifestação. Segundo Ruizesparza, “uma boa estratégia é planejar previamente, informando amigos e advogados sobre sua localização, além de se preparar para diferentes cenários”.
Além disso, recomenda-se que, ao tirar fotos ou fazer registros, o usuário remova metadados e utilize recursos de desfoque de rostos, como a própria funcionalidade do Signal, para preservar identidade de terceiros.
A importância do planejamento e solidariedade
De acordo com os especialistas, a combinação de práticas seguras é uma forma de preservar a privacidade coletiva e individual. “Preparar-se antes do protesto, pensar nas possíveis situações e comunicar-se de forma segura é um ato de solidariedade”, ressalta Ruizesparza.
Sabatine exemplifica essa preparação ao informar seus contatos sobre a localização e planejar que seria a única a usar um telefone secundário, reforçando a importância de ações coordenadas em protestos políticos, especialmente diante do aumento da repressão militar na Los Angeles.
Antes de decidir se leva o celular, é fundamental refletir: quem estará com você? E quais ações podem ser tomadas em caso de emergência? Segurança e estratégia prévia fazem toda a diferença para garantir a integridade e a privacidade dos manifestantes.