Uma ex-professora da Universidade de Yale, Marci Shore, afirmou ter decidido deixar os Estados Unidos logo após a reeleição de Donald Trump em 2020, devido ao aumento do extremismo e à violência associada ao clima político do país. Ela e seu marido, Timothy Snyder, especialista em tirania, mudaram-se para a Universidade de Toronto, no Canadá.
Razões para a saída após a eleição de Trump
Em entrevista publicada nesta segunda-feira pelo jornal The Guardian, Shore declarou que sua preocupação maior é a normalização do extremismo na política americana. Ela destacou que Trump, com sua postura afrontosa e tática de expor irregularidades «na cara», contribuiu para criar um ambiente de desrespeito às instituições democráticas.
“Minha primeira ideia de deixar os Estados Unidos surgiu logo após sua vitória em 2016. Entretanto, Snyder achava que devíamos permanecer”, recorda Shore. Ela afirmou que, ao longo dos anos, seu temor aumentou devido à crescente possibilidade de uma guerra civil, impulsionada pelo acúmulo de armas e violência no país.
Preocupações sobre a violência e o papel do eleitorado
Shore alertou que a cultura de violência, considerada algo natural nos Estados Unidos, diferencia-se da experiência europeia. “Há uma habitução à violência que os europeus não compreendem”, afirmou. Segundo ela, a quantidade de armas e a facilidade para usá-las têm transformado a percepção de segurança na sociedade americana.
Ela também criticou duramente o eleitorado que apoiou Trump na eleição de 2024. “As pessoas tiveram tempo suficiente para pensar e refletir, e escolheram esse caminho. Não consigo aceitar essa decisão, e não quero mais fazer parte disso”, declarou.
Reflexão sobre o momento político
Marci Shore considera que o momento atual dos Estados Unidos se assemelha a momentos sombrios de história, como o período pré-1933 na Alemanha, quando a ascensão do fascismo começou a se consolidar. Sua decisão de deixar o país é uma tentativa de escapar de um cenário que ela acredita ser perigoso para a democracia e para a vida civil.
Para mais detalhes, leia a entrevista completa no The Guardian.