A Copa do Mundo de Clubes, um dos eventos mais esperados do futebol mundial, está em pleno andamento em Nova York, proporcionando uma experiência única e inigualável para as torcidas que cruzaram fronteiras para apoiar seus times. No meu livro “Forasteiros” (“Outsiders”, na versão em inglês), descrevo como a vida de um torcedor visitante pode ser solitária, semelhante a um Clint Eastwood caminhando em um vilarejo no Velho Oeste, mas a atmosfera criada por esta competição trouxe um novo brilho ao futebol na Big Apple.
Uma cidade que abraça o futebol
Nova York, que normalmente é mais conhecida por suas ruas movimentadas e sua diversidade cultural, agora também se tornou um palco vibrante para a paixão pelo futebol. Nos últimos dias, palmeirenses, flamenguistas e torcedores do Fluminense se reuniram nas ruas da metrópole, criando um mosaico de cores e cantos que contagiou a cidade. Apenas a presença dos botafoguenses foi sentida em sua ausência, exilados na Costa Oeste.
Os palmeirenses dominaram os cenários icônicos, como a Times Square e a Brooklyn Bridge, mas foi no MetLife Stadium que a verdadeira magia aconteceu. As arquibancadas estavam repletas de torcedores ansiosos, prontos para viver momentos memoráveis. O que começou como um sentimento de alienação se transformou em uma comunhão de torcedores apaixonados.
Momentos emocionantes no estádio
Na estreia do Palmeiras contra o Porto, parecia que uma única torcida estava presente, unida pelo amor ao futebol. No entanto, ao enfrentarmos o Al Ahly na segunda rodada, a arquibancada revelou a diversidade das torcidas, reunindo os alviverdes e os egípcios em um espaço que ressoava com gritos de apoio e rivalidade.
A partida foi marcada por um calor intenso, que não diminuiu a energia dos torcedores. Mesmo com a proteção de estruturas projetadas para o público em geral, muitos tiveram dificuldade em ver os gols devido à disposição do estádio, que não favorecia a visão da linha de fundo. No entanto, a emoção fez com que essa limitação fosse rapidamente esquecida.
Desafios e alegrias na experiência do torcedor
A experiência não foi isenta de desafios. Uma ameaça de tempestade provocou a interrupção da partida, mas apenas contribuiu para a atmosfera, destacando a resiliência dos torcedores. Enquanto alguns enfrentavam o calor, outros observavam a venda de cerveja liberada no estádio. A tristeza ficou reservada para aqueles que, acostumados aos estádios paulistas onde a venda de álcool é proibida, se depararam com preços exorbitantes, chegando a R$ 100 por um copo de cerveja que, convenhamos, não estava exatamente gelada.
A importância das torcidas sul-americanas
Após o apito final e o retorno a Manhattan, um cartaz da FIFA ressaltou a presença de craques globais, lembrando a falta de interesse de alguns conglomerados europeus em relação à Copa do Mundo de Clubes. O futuro do evento está em questão, mas é indiscutível que seu sucesso depende, em grande medida, da paixão dos torcedores sul-americanos e africanos.
Esses torcedores são os verdadeiros protagonistas, dispostos a viajar grandes distâncias para apoiar suas equipes, mesmo que suas esperanças se limitem a avançar além da fase de grupos. Essa devoção é o que torna a Copa do Mundo de Clubes uma celebração única, cheia de emoção e rivalidade.
*Rodrigo Barneschi é o cronista palmeirense da ‘On Tour’, coluna do GLOBO que mostra a visão dos torcedores brasileiros nos EUA durante a Copa do Mundo de Clubes.