O ex-presidencial Ciro Gomes, filiado ao PDT há cerca de dez anos, está em negociações com o PSDB para retornar à sigla após uma longa história marcada por críticas e desavenças. Esta movimentação ocorre em um momento estratégico, já que o político cearense é considerado um forte nome para a corrida ao governo do estado em 2026. O novo alinhamento pode ser uma resposta às constantes mudanças no cenário político nacional e no estado do Ceará.
A aliança histórica e o retorno cogitado
Em 1990, Ciro Gomes foi eleito governador do Ceará com o apoio do tucano Tasso Jereissati, que ainda é uma figura proeminente no PSDB e tem sido fundamental nas conversas para o possível retorno de Ciro. Depois de deixar o PSDB em 1997, Ciro se distanciou da sigla, acumulando críticas ao seu antigo partido, mas agora parece aberto a novas conversações.
Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB, confirmou que autorizou Tasso Jereissati a intensificar as conversas com Ciro, sinalizando que ele seria bem-vindo de volta ao partido. O PSDB, que recentemente enfrentou dificuldades, como a desistência de fusão com o Podemos, busca novas alianças para fortalecer sua posição política, especialmente em oposição ao PT, que tem o governador Elmano de Freitas como candidato à reeleição.
A mudança na postura política de Ciro
Após a ruptura da parceria entre PDT e PT no Ceará em 2022, Ciro Gomes começou a se aproximar de figuras da direita, mesmo pertencendo a um partido de centro-esquerda. Essa mudança de postura incluiu até elogios a bolsonaristas do PL, o que levantou questões sobre sua posição política em um contexto de crescente polarização no Brasil.
Outro nome forte para a corrida ao governo é o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, que deixou o PDT e se uniu ao União Brasil. Contudo, o próprio Ciro é visto como o candidato preferencial de seu grupo político.
O apoio de opositores e as alianças estratégicas
Nos últimos meses, figuras da oposição, como o deputado André Fernandes (PL) e o ex-deputado Capitão Wagner (União), têm se aproximado de Ciro, elogiando sua capacidade de enfrentar o governo PT no Ceará. Fernandes, por exemplo, afirmou que Ciro é uma “pessoa preparada e inteligente”, com potencial para unir a oposição contra o PT nas próximas eleições.
A rivalidade entre PT e PDT se intensificou quando Ciro decidiu apoiar Roberto Cláudio como candidato ao governo, o que levou o PT a lançar seu próprio candidato, Elmano, que acabou vencendo a eleição. Essa reviravolta fez com que Ciro alterasse sua estratégia e procurasse novos aliados.
Uma trajetória marcada por críticas e reaproximações
A trajetória política de Ciro Gomes é marcada por uma série de mudanças de partido e posicionamentos. Ele passou por diversas siglas após deixar o PSDB, incluindo PPS, PSB e PROS, e fez quatro tentativas de candidatura à presidência da República. Durante esses anos, Ciro fez inúmeras críticas ao PSDB, chamando antigos aliados de “indústria de picaretas” e pontuando a fragilidade de sua liderança.
As declarações contundentes de Ciro em relação a Aécio Neves e outras lideranças tucanas demonstraram a profundidade das divergências que ele mantinha com o partido. Apesar disso, o cenário político atual parece ter mudado sua perspectiva, levando-o a considerar um retorno ao PSDB como uma alternativa viável.
A oferta do PSDB a Ciro, em um momento em que busca reconstruir sua imagem e alianças políticas, reflete o clima de incerteza e a necessidade de manter a relevância no cenário político brasileiro. As próximas semanas serão cruciais para definir o futuro de Ciro Gomes e suas ambições políticas no Ceará.