Brasil, 19 de junho de 2025
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PT intensifica aproximação com evangélicos durante Marcha para Jesus

PT critica Bolsonaro e busca reverter rejeição entre evangélicos na Marcha para Jesus em São Paulo.

Na última quinta-feira, enquanto milhares de fiéis participavam da Marcha para Jesus em São Paulo, o Partido dos Trabalhadores (PT) aproveitou a ocasião para intensificar sua estratégia de aproximação com o eleitorado evangélico. Este público tem se mostrado como um dos segmentos com maior rejeição ao governo, e a legenda utilizou a data simbólica para criticar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além de citar o inquérito da Polícia Federal sobre espionagem que envolve a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante sua gestão.

Criticas ao ex-presidente e mensagem petista

Durante o evento, o PT divulgou uma mensagem em grupos de WhatsApp promovidos pela Fundação Perseu Abramo, que é ligada ao partido. Nesta mensagem, Bolsonaro é acusado de ter espionado um pastor próximo à sua família. A imagem compartilhada com a mensagem traz a frase: “Neste dia de Marcha Para Jesus, não se esqueça: Bolsonaro mandou espionar o pastor da própria família”, acompanhada por uma fotografia do ex-presidente ao lado de Josué Valandro Júnior, líder da Igreja Batista Atitude, que é frequentada por Michelle Bolsonaro.

A menção vem à tona em decorrência do relatório final da Polícia Federal que revelou o uso ilegal da estrutura da Abin para monitorar adversários e desafetos. De acordo com o documento, que teve seu sigilo levantado recentemente, Valandro Júnior foi alvo de um pedido de pesquisa, junto ao nome da juíza Márcia Santos Capanema de Souza, que havia julgado ações movidas por Jean Wyllys (PT).

O simbolismo da Marcha para Jesus

A publicação do PT também faz um apelo emocional, destacando a Marcha para Jesus como um dia de “fé, de união e de lembrar a verdade”, finalizando com uma provocação ao questionar: “Afinal, quem é mesmo que persegue os pastores?”. Esse movimento do partido se dá em um contexto em que, apesar da presença de várias lideranças evangélicas no evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não compareceu, sendo representado pelo advogado-geral da União, Jorge Messias, que é evangélico e um dos principais articuladores do governo com esse segmento.

Desafios e estratégias do governo Lula

O esforço do governo para reverter a rejeição entre os evangélicos é evidente em meio a dados que apontam 66% desse público avaliando o governo Lula de forma negativa, segundo dados da pesquisa Quaest divulgada recentemente. Essa distância entre o presidente e os eleitores evangélicos, que tiveram um papel decisivo nas eleições de Bolsonaro em 2018 e 2022, levou a uma série de gestos simbólicos e políticos.

Um desses gestos inclui a tentativa de ampliar os benefícios às igrejas, principalmente durante a tramitação da Reforma Tributária, onde o governo buscou estender a imunidade tributária a entidades ligadas a templos religiosos. A intenção é acalmar a bancada evangélica, que frequentemente critica o governo por atuar contra os interesses do setor.

Entretanto, a influência da direita nas igrejas continua a ser predominante, sustentada por líderes que associam o PT a pautas contrárias aos valores cristãos, como a agenda de gênero e o aborto. Em resposta, Lula tem ajustado seu discurso para incluir com mais destaque termos como “prosperidade”, um conceito que ressoa fortemente dentro do imaginário neopentecostal.

A comunicação como estratégia

Outra frente de atuação do governo está em sua comunicação. O ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Sidônio Palmeira, está preparando o lançamento do programa “Prospera Brasil”, que visa fomentar iniciativas de empreendedorismo. Este programa busca dialogar com valores importantes para o público evangélico, como independência financeira, mérito individual e mobilidade social. A estratégia é clara: estabelecer uma conexão mais forte com o eleitorado evangélico, buscando reverter a imagem negativa adquirida nos últimos anos.

A Marcha para Jesus, além de ser um momento de celebração e fé, se transforma em um campo de batalha política, onde narrativas e imagens são cuidadosamente elaboradas para conquistar corações e mentes. O desafio que o PT enfrenta é significativo, mas a tentativa de reconectar-se com este eleitorado indica um entendimento crescente da importância deste segmento na atual política brasileira.

O futuro do relacionamento entre o PT e os evangélicos dependerá de como o governo Lula irá continuar a abordar questões sensíveis e se conseguirá estabelecer uma base de confiança com esse eleitorado que, por muito tempo, se sentiu abandonado ou atacado.

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