O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), desembarcou no Brasil na última quarta-feira (18), após uma missão oficial a Israel que foi interrompida em decorrência do aumento da tensão entre o país e o Irã. Ao retornar, Damião não escondeu a emoção e fez críticas diretas ao Ministério das Relações Exteriores, enfatizando a necessidade de uma gestão mais eficiente em relação à situação de brasileiros no exterior.
Retorno conturbado e críticas ao Itamaraty
O momento de chegada do prefeito foi marcado por uma declaração contundente. “Não recebi uma ligação deles. Recebi ligação da Gleisi, do Rodrigo [Pacheco], do [Carlos] Viana… Ao Itamaraty, deixo um conselho: resolvam rápido a situação dos brasileiros que ainda estão lá. Façam seu trabalho. Apenas isso”, afirmou Damião, expressando seu desconforto com a condução da crise.
Essas declarações surgem após uma nota oficial do Itamaraty que criticou a viagem da comitiva brasileira, mencionando que a missão ocorreu “em desacordo com as recomendações consulares”. Tal posicionamento foi interpretado pelos integrantes da delegação como uma tentativa de desviar a responsabilidade pela permanência em Israel durante a escalada da crise. Damião não hesitou em rebater as críticas à viagem, que ele defendeu como uma missão institucional focada em segurança pública, tecnologia e gestão urbana.
A missão e a escalada do conflito
Damião destacou que a comitiva, composta por 41 integrantes, incluindo prefeitos, secretários e o governador de Rondônia, Marcos Rocha, não tinha intenção de viajar a passeio. “Ninguém foi a passeio. Se soubéssemos da guerra, não teríamos ido”, declarou. De acordo com o prefeito, a missão se iniciou dias antes de um ataque inédito do Irã ao território israelense, o que levou a um aumento significativo da tensão na região.
Com a intensificação do conflito, a delegação brasileira começou a buscar rotas alternativas para deixar Israel com segurança. O prefeito conseguiu embarcar de Tel Aviv para a Arábia Saudita na madrugada de terça-feira (17), em um voo fretado pelo deputado federal Mersinho Lucena (PP-PB), que é filho do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), também parte do grupo.
A agenda de compromissos da comitiva
A viagem da comitiva incluía a visita a centros de tecnologia, reuniões sobre políticas de segurança e encontros com autoridades locais. Cidades como Nova Friburgo (RJ), Goiânia (GO) e Divinópolis (MG) foram representadas na missão. Entretanto, o agravamento da situação de segurança na região levou ao cancelamento da agenda prevista e à necessidade de uma reorganização logística para garantir a evacuação da equipe.
Em meio à operação de evacuação, a postura do Itamaraty foi alvo de críticas no Congresso. Parlamentares do grupo Brasil-Israel manifestaram que a posição adotada poderia colocar em risco não apenas os membros da comitiva, mas todos os brasileiros que estavam no exterior.
A importância da comunicação em crises
As declarações do prefeito de Belo Horizonte evidenciam a importância da comunicação clara e eficaz em tempos de crise. A falta de contato direto entre o Ministério das Relações Exteriores e representantes brasileiros que estavam em situações vulneráveis no exterior gera questionamentos sobre a condução das políticas de assistência e a responsabilidade do governo em momentos críticos.
Com o desfecho desta missão, reparos na gestão de crises em situações internacionais devem ser reavaliados, para que episódios como esse não se repitam e que a segurança dos cidadãos brasileiros em todo o mundo seja priorizada.