No dia 15 de junho de 2025, milhares de habitantes do sul da Europa tomaram as ruas para protestar contra o excesso de turistas em suas cidades. As manifestações acontecem em países como Espanha, Portugal e Itália, refletindo uma insatisfação crescente com os impactos do turismo massivo durante os períodos de alta temporada, e não apenas uma oposição ao turismo em si.
Protestos contra o excesso de turismo na Europa
Em Barcelona, por exemplo, manifestantes levaram pistolas de água para atirar em hotéis e pontos turísticos, carregando sinais como “o turismo de massa mata a cidade” e gritando “suas férias, minha miséria”. Segundo uma moradora entrevistada pela BBC, ela foi despejada de seu apartamento após quase uma década na mesma região, que agora estaria reservada para turistas. O aluguel, que era acessível antes, aumentou em 70%. Ainda na cidade, opiniões de moradores expressam que a essência de Barcelona está desaparecendo, com negócios tradicionais sendo substituídos por empreendimentos voltados ao turismo.
A visão de especialistas e moradores
Um usuário do Reddit comentou que o turismo é uma “dupla faca”: traz dinheiro ao país, mas prejudica outros setores econômicos, dificultando a diversificação industrial. Outro residente alertou que a cidade que conheciam está sumindo, substituída por um parque temático, e que os moradores de hoje seriam substituídos por trabalhadores que vendem produtos falsificados ou bebidas baratas para turistas.
Impactos do turismo excessivo e manifestações globais
As ações de protesto não se limitam a manifestações pacíficas. Na França, o Museu do Louvre fechou suas portas após uma greve de funcionários preocupados com a quantidade de visitantes. Com capacidade para 30 mil pessoas simultaneamente, recebeu 8,7 milhões de visitantes em 2024, colocando à prova sua infraestrutura. Os trabalhadores relataram dificuldades físicas, como poucas pausas e aumento do calor devido ao efeito estufa no edifício.
Além dos museus, a crise afeta o mercado imobiliário. Em maio de 2025, o governo espanhol anunciou a remoção de quase 66 mil anúncios de aluguel no Airbnb, por quebra de regulamentos, numa tentativa de conter a especulação imobiliária e a elevação dos preços de aluguel. Moradores e ativistas alertam que a carnavalização do turismo prejudica a vida local, levando à expulsão de moradores tradicionais e à descaracterização das cidades.
Soluções e o futuro do turismo em áreas urbanas
As manifestações evidenciam que o problema da superlotação turística é antigo e demanda soluções sustentáveis, que equilibram os interesses dos moradores e visitantes. Especialistas sugerem que o foco deve ser na gestão inteligente do turismo, evitando o crescimento descontrolado e o impacto devastador na cultura e na economia local.
Por enquanto, recomenda-se que os turistas evitem reservas em destinos europeus até que haja um entendimento melhor do equilíbrio necessário. Para quem deseja visitar Barcelona, por exemplo, a sugestão é explorar a cidade de forma virtual, usando plataformas como o Google Earth.
Essas experiências demonstram que a questão do excesso de turistas é mais do que sujeira e poluição—é um sinal de que a convivência precisa de regras mais claras e responsáveis para garantir a preservação da identidade local e a qualidade de vida dos habitantes.