Recentemente, milhares de residentes na Europa se mobilizaram contra o excesso de turistas que invade cidades tradicionais na temporada alta. Protestos em países como Espanha, Portugal e Itália evidenciam o descontentamento com a sobrecarga econômica, social e ambiental causada pelo turismo excessivo. Em várias localidades, os moradores clamam por um modelo mais sustentável de turismo, que respeite a qualidade de vida local.
O impacto do turismo massivo em Barcelona
Em Barcelona, a situação se tornou especialmente conflituosa. Protestos nas ruas resultaram em ações simbólicas, como o uso de pistolas d’água para atacar hotéis e pontos turísticos, enquanto cartazes carregavam mensagens como “o turismo em massa mata a cidade”. Uma moradora de 80 anos relatou à BBC que foi despejada de seu apartamento em um bairro popular, após a propriedade ser vendida para turistas. “O aluguel aumentou 70% desde então”, afirmou ela.
Outro residente comentou no Reddit que a cidade deixou de pertencer aos seus habitantes, transformando-se em uma espécie de parque temático. “As pequenas empresas foram substituídas por vendedores de roupas e bebidas baratas, enquanto os locais desaparecem”, lamentou.
Protestos e discussões na Europa
No dia 15 de junho, milhares de pessoas participaram de protestos em várias cidades do sul da Europa, como Lisboa, Roma e Veneza. Os manifestantes não são contra o turismo em si, mas defendem uma gestão mais equilibrada, que não prejudique os moradores locais. O movimento reforça um debate que há anos vem ganhando força: o crescimento desordenado do turismo pode destruir o que há de mais valioso na cultura e na vida cotidiana dessas regiões.
Crise nos museus e medidas governamentais
Outro exemplo do impacto do excesso de visitantes aconteceu na França, onde o Louvre precisou fechar as portas após uma greve de funcionários. Com uma capacidade para 30 mil visitantes por vez, o museu recebeu 8,7 milhões de pessoas no último ano — uma pressão insustentável para a infraestrutura. Os trabalhadores alegaram condições de trabalho desumanas, com menos pausas e aumento na temperatura interna, agravada pelo efeito estufa do prédio.
Para lidar com os efeitos do turismo de massa, o governo francês anunciou, em maio de 2025, a remoção de quase 66 mil anúncios de aluguel no Airbnb que infringiam regulamentos, numa tentativa de conter a inflação nos preços de moradia.
O futuro do turismo na Europa
Os protestos reacenderam uma discussão antiga: como equilibrar o desenvolvimento econômico gerado pelo turismo com o bem-estar dos moradores locais? Diversos especialistas apontam que a questão não é a redução total do fluxo turístico, mas a implementação de práticas mais sustentáveis e responsáveis. A ideia é evitar que destinos se tornem caricaturas de si mesmos, perdendo sua essência cultural e social.
Enquanto isso, muitas pessoas compartilham suas experiências pessoais sobre o impacto do turismo massivo, incluindo moradores que veem suas cidades se transformarem em atrações para visitantes, e não mais um lar. A crise de moradia, exemplificada pelo aumento de preços e despejos, reforça a urgência de políticas planejadas para um turismo mais equilibrado.
Até que soluções definitivas sejam implementadas, a recomendação é evitar viagens desnecessárias a destinos saturados. Talvez, ao menos por ora, seja mais seguro abrir o Google Earth e explorar a Europa virtualmente.