No dia 17 de junho, o secretário-geral do Sínodo, cardeal Mario Grech, esteve presente em Istambul, na Turquia, para participar da reunião dos secretários-gerais das Conferências Episcopais da Europa (CCEE). Durante a visita, Grech foi recebido pelo patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, em uma atmosfera de cordialidade e esperança, destacando o papel vital do diálogo ecumênico e inter-religioso em um mundo marcado por divisões e conflitos. Este encontro é parte de uma fase importante na implementação do Sínodo, refletindo a busca pela unidade entre as igrejas cristãs.
O acolhimento e saudação ao patriarca Bartolomeu I
O evento começou com um abraço fraterno entre Grech e Bartolomeu, simbolizando a continuação da amizade que tem crescido entre a Igreja Ortodoxa e a Igreja Católica Romana sob a liderança do Papa Francisco. Bartolomeu I expressou sua gratidão pela amizade e pelos esforços de Francisco em promover a Ortodoxia, reafirmando que o pontificado do Papa tem sido um tempo de encorajamento mútuo e calor humano. Além disso, ele manifestou uma “grande expectativa” pela visita futura do Papa Leão XIV à Nicéia, celebrando os 1700 anos do Primeiro Concílio Ecumênico.
A importância do diálogo ecumênico
Durante seu discurso, o patriarca enfatizou a necessidade de construção de pontes em vez de muros, especialmente em uma época marcada por medo, divisão e violência. Segundo Bartolomeu, o diálogo teológico que começou nos anos 60, após a revogação das anátemas, é fundamental para essa interação contínua e significativa. Ele destacou que, apesar dos desafios, o caminho do diálogo tem gerado momentos de graça e compreensão entre as diferentes tradições cristãs.
Além disso, o patriarca ressaltou a importância de dialogar até mesmo com religiões além do cristianismo, sendo este compromisso essencial para a promoção da paz e da compreensão mútua. Ele mencionou a relevância das relações que a Igreja Ortodoxa mantém com líderes de outras tradições religiosas, sublinhando que o respeito à dignidade humana deve ser uma prioridade para todas as confissões.
Enfrentando os desafios contemporâneos
O cardeal Mario Grech e Bartolomeu I concordaram que a Igreja e a sociedade enfrentam desafios significativos, como questões de justiça social, migrações, guerras, perseguições religiosas e mudanças climáticas. Bartolomeu afirmou que essas questões estão inseparavelmente ligadas ao Evangelho e que atender a essas necessidades se torna uma questão de fé e compromisso com os ensinamentos de Cristo.
O papel das Conferências Episcopais da Europa
O patriarca elogiou as Conferências Episcopais da Europa por seu papel em articular o testemunho da Igreja e em alinhar a resposta da religião às necessidades da sociedade. Ele ressaltou que a clareza e a coerência com que a Igreja se comunica nos dias de hoje se devem ao trabalho contínuo dessas conferências. A celebração dos 1700 anos do Concílio de Nicéia é uma oportunidade de reflexão sobre a unidade cristã, que não deve ser vista como uma conveniência, mas como um compromisso com a verdade revelada em Cristo.
Homilia do cardeal Grech em Istambul
Grech também conduziu uma missa na cripta da Igreja de Santo Antônio, onde refletiu sobre a proclamado essencial da natureza divina do Filho em relação ao Pai, um tema central do Concílio de Nicéia. Ele comparou essa união à relação entre o ser humano e Deus, sublinhando que a imitação do caráter divino exige construção de comunhão entre as pessoas, um processo que pode ser desafiador, mas essencial.
O cardeal enfatizou que viver em comunhão significa abrir-se ao diálogo e construir conexões, citando o Documento Final do Sínodo dos Bispos como um guia para transformar as relações interpessoais. A colaboração e o entendimento mútuo são centrais para superar as divisões existentes hoje.
“Em tempos de tensões e controvérsias, devemos sempre lembrar que somos criaturas em busca de imitar o que é infinito e sagrado”, concluiu Grech, instando todos a seguir o exemplo de diálogo e humildade promovido por Santas Escrituras.
O encontro na Turquia reafirma a necessidade de continuar a construção de um espaço ecumênico onde o diálogo se torna uma ferramenta poderosa para promover a paz e a unidade necessárias em tempos de incerteza global.
